Amilcar Cabral (Abel Djassi), um dos maiores revolucionários anticoloniais do mundo

Por Marcela Magalhães de Paula, na Jacobin

Neste dia, em 1924, nascia Amilcar Cabral, o revolucionário africano responsável por liderar a libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde da colonização portuguesa. Seu legado teórico e prático continua sendo uma referência central para as lutas contra o imperialismo, o racismo e a crise climática.

Era 1964, quando, em pleno curso da guerra de independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral tomou uma decisão que encapsulava sua visão revolucionária em toda a sua profundidade: começou a assinar o seu nome como Abel Djassi. Mais do que um simples pseudônimo, essa escolha carregava um simbolismo significativo. Líder incontestável do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Cabral optou por afastar sua identidade individual em prol da coletividade da luta, esvaziando o protagonismo pessoal para reforçar a natureza coletiva da revolução. (mais…)

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Direção de Ailton Krenak e Cybele Forjaz, montagem de “O Guarani” tem indígenas no elenco e ‘duplos’ das personagens principais

Por Gustavo Zeitel, em Acesso

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os cantores chegam para mais um dia de ensaios e contornam o edifício do Theatro Municipal, se desvencilhando dos meninos que ziguezagueam seus skates pelas ruas da República, no centro de São Paulo. Pela porta dos fundos, eles alcançam a sala de espetáculos e, com a roupa do corpo, se sentam nas cadeiras enfileiradas no proscênio.

O regente Roberto Minczuk cumprimenta a todos com um simpático boa-tarde e empunha a batuta, iniciando, em lá maior, a “Abertura” da ópera “O Guarani”, composta em 1870 por Carlos Gomes com libreto de Antonio Salvini e Carlo D’Ormeville, que estreia na próxima sexta-feira, dia 12. Se a célebre “Abertura” permanece intacta em seu romantismo nacionalista, a montagem concebida pelo líder indígena Aílton Krenak propõe uma leitura decolonial e engajada da história, o que suscita um debate na cena lírica brasileira. (mais…)

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Europa, je t’aime moi non plus. Por Margarida Calafate Ribeiro

Quando o meu pai voltou a Portugal, trouxe o colonialismo com ele e nunca foi capaz de deixá-lo para trás. O meu pai era o colonialismo. Portanto, o meu pai era também injustiça e violência. Talvez eu não saiba muito bem, numa perspetiva histórica, o que era o colonialismo – muito provavelmente escapa-me; mas sei muito bem o que era o meu pai, o que pensava e dizia, e esse é um conhecimento prático do colonialismo que nenhum historiador possui, exceto pela mesma experiência vivida. (Isabela Figueiredo, Caderno de Memórias Coloniais)

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