Não é principalmente uma guerra entre russos e ucranianos. Dois fatores de competição e conflito entre as grandes potências do mundo estão na sua origem, a começar pela nova fase da guerra entre Estados Unidos e Rússia. A Ucrânia se torna uma colônia.
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Torquemadas do pensamento. Por José Goulão
A confraria transeuropeia de polícias de opinião deu finalmente corpo à assustadora profecia de George Orwell e criou o Ministério da Verdade
Em AbrilAbril
Passam por estes dias 19 anos sobre a segunda invasão do Iraque pelos Estados Unidos e outras potências da NATO, mantendo-se ainda a ocupação militar estrangeira do país. Uma guerra limpa, admirável sobretudo quando é apreciada de uma varanda de hotel de Bagdade, lançada por gente com plena sanidade mental, sustentada por razões de uma verdade inquestionável, sem crianças mortas, sem civis bombardeados, sem destruição da maior parte das infraestruturas do país, sem tortura nem chacinas, sem roubos de recursos naturais, sem jornalistas bombardeados de helicópteros como se fossem alvos de um jogo de computador, com espectaculares, cirúrgicos e inofensivos fogos-de-artifício lançados por máquinas de autêntica ficção científica. Um deleite para orgulhosos chefes políticos, inebriados jornalistas esgotando os arsenais de adjectivos e embasbacados telespectadores agarrados aos ecrãs, sorvendo a mais recente superprodução de Hollywood. Solidários com as vítimas? Uns esparsos milhares.
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A OTAN no centro do conflito na Ucrânia. Por Luiz Marques
Terapia Política
“O que a história pode nos dizer sobre a sociedade contemporânea?” A pergunta é de Eric Hobsbawm. Até o século XVIII, “o passado era o modelo para o presente e o futuro. Daí o significado do velho, que representava sabedoria não apenas pela experiência, mas pela memória de como eram feitas as coisas, e de como deveriam ser feitas”, frisa o historiador em Sobre a História (Companhia das Letras). Um tradicionalismo normativo servia de bússola às gerações. Prevalecia a ideia do progresso contínuo. A Revolução Industrial (1830) provocou rupturas e, em Auguste Comte, a crença de que a Sociologia e a Biologia eram as disciplinas mais importantes para a compreensão da famosa “modernidade líquida”.
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As sanções contra a Rússia podem ser um tiro no pé. Por Paulo Kliass
A escalada de incertezas na esteira de eventos envolvendo o conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode provocar graves consequências para economia global. Por mais que os grandes meios de comunicação do mundo ocidental insistam em espalhar a narrativa de que a agressão militar começou súbita e inesperadamente no dia em que tropas russas invadiram o espaço ucraniano, os analistas sabem que a realidade é muito mais complexa do que a intenção de transformar a questão em um grande Fla-Flu de dimensão internacional.
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Ucrânia, Rússia e China. Por José Luís Fiori
Tudo indica que não tem como reverter, nem há mais como devolver o sistema mundial à sua situação anterior, de completa supremacia eurocêntrica
“Já não existe mais um único “critério ético”, tampouco existe mais um único juiz com poder para arbitrar todos os conflitos internacionais, com base na sua própria “tábua de valores”. E já não é mais possível expulsar os “novos pecadores” do “paraíso” inventado pelos europeus, como aconteceu com os lendários Adão e Eva. Como essa supremacia acabou, talvez seja possível, ou mesmo necessário, que o Ocidente aprenda a respeitar e conviver de forma pacífica com a “verdade” e com os “valores’ de outras civilizações”. (José Luís Fiori. Sobre a paz).
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As crianças que estão processando 33 países na Europa
“Queremos que nossa geração e as futuras gerações tenham os mesmos privilégios da geração de nossos pais”, explicam os irmãos portugueses Sofia e André Oliveira, duas das seis crianças e jovens portugueses que estão processando judicialmente 33 governos europeus – todos os países da União Europeia e também Noruega, Rússia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Reino Unido.
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Mercosul-União Europeia, um acordo antiindígena
Agronegócio sul-americano terá grande peso no acordo, o que gerará mais devastação ambiental e pressão sobre territórios dos povos ancestrais. Ainda por ser ratificado, documento cita-os apenas duas vezes – e eles sequer foram consultados
Por Valéria Teixeira Graziano, em Observatório de Regionalismo*
Embora a negociação do Acordo MERCOSUL-União Europeia se arraste desde os primórdios da criação do bloco sul-americano no início da década de 1990, o anúncio da conclusão do processo negociador em junho de 2019 suscitou novos debates sobre seus possíveis impactos para os países dos dois lados do Atlântico. A entrada em vigor do acordo ainda depende da ratificação pelos parlamentos nacionais e da União Europeia e, desde tal anúncio, a questão ambiental tem sido mobilizada por diferentes atores políticos e sociais como forma de barganha e pressão, a partir de interesses diversos. Parlamentares europeus têm manifestado preocupação com relação ao aumento expressivo do desmatamento e das queimadas na região sul-americana e, de maneira mais específica, com relação aos posicionamentos antiambientalistas do governo de Jair Bolsonaro. Mas, embora a questão ambiental seja destacada nos posicionamentos críticos ao acordo, pouco se discute sobre seus impactos para os povos indígenas da região.
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