Multidões respondem à arrogância do Congresso, colocam ultradireita e Centrão na defensiva e mostram ao governo o caminho esquecido da pressão popular. Como transformar energia em mobilização por outro país – e faxina no Legislativo?
Por Antonio Martins, em Outras Palavras
Tenho sangrado demais / Tenho chorado pra cachorro / Ano passado eu morri / Mas este ano eu não morro! Dezenas de artistas identificados com as lutas sociais compareceram às manifestações deste domingo, mas poucos foram tão sensíveis quanto Emicida. Ao resgatar, na tarde de São Paulo, o Belchior de 1976, ele deu voz a uma multidão que se sentia ultrajada pelos retrocessos políticos e pela prepotência dos conservadores — mas também pela dificuldade de articular uma resposta nas ruas. Ela começou, finalmente. Centenas de milhares de pessoas tomaram as principais cidades do país, contra a anistia aos golpistas de 2023 e a blindagem que a maioria parlamentar conservadora quer garantir a si própria e aos crimes que pratica. Os significados da possível virada iniciada ontem — e os recados emitidos pelas ruas — são, no entanto, mais vastos. (mais…)
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