Necropolítica e racismo. Por Luiz Marques*

em Terapia Política

Achille Mbembe é um filósofo camaronês que, no início do século XXI, publicou um pequeno ensaio em inglês intitulado Necropolitics. Traduzido para o português em 2018, soma mais de uma dezena de reimpressões. Virou um grande best-seller do pensamento. Necropolítica discute o atributo fundamental da soberania: “exercer o controle sobre a mortalidade e definir a vida como implantação e manifestação de poder”. A definição corresponde ao que Michael Foucault denomina de biopoder, em Nascimento da biopolítica (Collège de France, 1978-1979). (mais…)

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O racismo de quem chora pela Ucrânia, mas ignora a dor que está ao seu lado

Situação de violência cotidiana contra a população pobre e negra no Brasil é banalizada e incomoda menos do que guerra na Europa, dizem moradores de comunidades do Rio

Por Beatriz Drague Ramos, na Ponte

Som de tiros e bombas. Blindados avançam sobre as ruas. Homens em trajes militares, armados de fuzis, invadem as casas da população civil, arrombando portões, atirando em pessoas e destruindo pisos e paredes. Assustados, moradores se trancam em suas residências, sem ter para onde fugir. A internet deixa de funcionar. Em meio ao ataque, postos de saúde fecham as portas, escolas não abrem e milhares de alunos ficam sem aulas.

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Numa atmosfera de necropoder instalada, Bolsonaro apenas atualiza política de morte. Entrevista especial com Paulo Bueno

Pesquisador mergulha no conceito de Achille Mbembe e reflete como a necropolítica brasileira precede ao atual presidente da República

Por: João Vitor Santos, em IHU

Partindo de uma definição bem simples da ideia de necropolítica, seria essa a política da morte em que se olha quem pode morrer e se faz essa gestão das vidas a serem descartadas. No atual contexto, é inevitável que associemos esse conceito à gestão de Jair Bolsonaro e todo seu corolário de ações. Mas é importante que tenhamos a consciência de que esse conceito de Achille Mbembe não nasce com a ascensão do atual presidente e nem é inaugurado agora no país. “A necropolítica brasileira precede a Bolsonaro. É importante que retenhamos o fato de que o necropoder se dilui em determinados setores da sociedade. Trata-se de uma modalidade de gestão que opera uma descentralização do tradicional direito soberano de morte”, reitera o psicanalista Paulo Bueno, em entrevista concedida por e-mail ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

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Necropolítica: a política da morte em tempos de pandemia. Artigo de Eduardo Gudynas

“A presença da necropolítica na América Latina está diante de nossos olhos. A pandemia de covid-19 já tem um ano, não terminou e também não se evidencia que será superada rapidamente. A nova normalidade prometida nunca chegou e o normal é uma pandemia contínua com seus vaivéns, com recuos e novas ondas”, escreve Eduardo Gudynas, uruguaio, analista do Centro Latino-Americano de Ecologia Social – CLAES, em artigo publicado por ALAI. A tradução é do Cepat.

IHU On-Line

avanço da pandemia pelo coronavírus não apenas não é detido, como na medida em que se agrava, deixa em evidência um obscuro giro político: a necropolítica. Esse conceito serve para descrever ao menos três características: ocorre em um contexto onde o estado de exceção passa a ser uma nova normalidade, a política se concentra em decidir sobre o deixar morrer e repete uma narrativa de uma guerra perpétua contra todos os tipos de inimigos.

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Necropolítica: la política de la muerte en tiempos de pandemia. Por Eduardo Gudynas*

Servindi

“La necropolítica es la política del dejar morir”, no solo a las personas sino también a la Naturaleza y es la utopía de los neoliberales que así reemplazan la justicia social por la caridad y la clemencia. Asi lo explica el analista Eduardo Gudynas en un artículo donde sostiene que la necropolítica se ha vuelto funcional a los gobiernos que se excusan en la crisis provocada por la pandemia para relegar la vida.

El caso extremo es Jair Bolsonaro en Brasil, “cuyo gobierno alcanzó el climax necropolítico”. El problema es que hay poblaciones completas que están siendo diezmadas por la pandemia.

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