Escravista, patriarcal e violenta, formação do país é fértil para subjetividades que querem a brutalização e o extermínio do outro. Saída precisa ser micropolítica, também: libertar nossos inconscientes do narcisismo que se blinda à diferença
Por Suely Rolnik | Tradução do espanhol: Josy Panão, em Outras Palavras
A bestial invasão das sedes dos três poderes da República Brasileira foi um passo a mais na escalada de um movimento de extrema direita que começa a mostrar sua cara, em 2005, durante o primeiro governo de Lula. Um movimento resultante da instalação no país da nova modalidade de golpe, própria do capitalismo em sua versão financeira, em que se unem neoliberalismo e um conservadorismo dos mais arcaicos e ferozes. Como descrevo em meu livro Esferas da insurreição.1, a nova modalidade de golpe se dá em várias etapas (a eleição de Bolsonaro em 2018 é apenas uma delas) e está longe de chegar ao fim. Desde que começou a se estabelecer este cenário, temos tentado nos equilibrar numa corda bamba cada vez mais perigosa. (mais…)