Amilcar Cabral (Abel Djassi), um dos maiores revolucionários anticoloniais do mundo

Por Marcela Magalhães de Paula, na Jacobin

Neste dia, em 1924, nascia Amilcar Cabral, o revolucionário africano responsável por liderar a libertação de Guiné-Bissau e Cabo Verde da colonização portuguesa. Seu legado teórico e prático continua sendo uma referência central para as lutas contra o imperialismo, o racismo e a crise climática.

Era 1964, quando, em pleno curso da guerra de independência da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, Amílcar Cabral tomou uma decisão que encapsulava sua visão revolucionária em toda a sua profundidade: começou a assinar o seu nome como Abel Djassi. Mais do que um simples pseudônimo, essa escolha carregava um simbolismo significativo. Líder incontestável do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Cabral optou por afastar sua identidade individual em prol da coletividade da luta, esvaziando o protagonismo pessoal para reforçar a natureza coletiva da revolução. (mais…)

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Rei de Angola visita a Maré e destaca o conhecimento para combater o racismo

A Maré é o território carioca com maior presença de migrantes angolanos

Por Lucas Feitoza, no Maré de Notícias

O Rei Tchongolola Tchongonga-Ekuikui VI visitou a Maré nesta quarta-feira (8/11). A visita do Rei aconteceu no Observatório de Favelas, que compartilha o espaço com o Uniperiferias. O propósito da recepção foi promover um diálogo do representante sobre racismo e religiosidade com lideranças e organizações locais. (mais…)

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Saúde Digital: o argumento da carência

Norte global se aproveita da falta de serviços de saúde em países africanos para vender-lhes produtos, extrair dados e fazer testes. No Brasil, governo cria secretaria para regular esse mercado. Conseguirá virar o jogo e obter protagonismo?

Por Luiz Vianna Sobrinho, em Outra Saúde

O impacto da chegada de serviços de saúde em países do continente africano, através da utilização de tecnologias reunidas sobre o selo de saúde digital, é comentado em recente artigo [1]. Como já seria de se esperar, frente às condições sócio-econômicas enfrentadas historicamente pela região, vamos vendo o mesmo discurso: garantir a acessibilidade aos serviços de saúde e tentar superar a escassez de recursos humanos, como a baixa relação médico-paciente. No texto, são apresentados os dados da Organização Mundial da Saúde comparando a taxa da Alemanha, com 84 médicos para cada 10.000 habitantes, com a média da África, onde há apenas 3 para o mesmo número de cidadãos. Chama ainda mais a atenção a taxa de 1 médico para 80.000 habitantes em regiões rurais de maior carência. (mais…)

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Caro amigo branco (da Reversão). Por Marinho de Pina

No Buala

Caro amigo branco, posso parecer chato, mas não penses no entanto que sou apenas um gajo irritado e frustrado a descarregar o seu desagrado em ti, escrevendo, assim tanto, caro branco, porquanto os textos que endereço aos amigos pretos costumam ser mais extensos… (a comparação com o preto é só para te deixar mais brando)… Dito isso, prossigo.

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Frantz Fanon: um clássico para entender o colonialismo

O escritor martinicano ilustrou magistralmente o trauma colonial. Seis décadas após sua morte, recordamos sua obra e seu legado

Por Omer Freixa, no El País

Em 6 de dezembro de 1961, o psiquiatra e intelectual martinicano Ibrahim Frantz Fanon  sucumbia a uma impiedosa leucemia que abreviou sua vida no auge da sua produção acadêmica, com apenas 36 anos, e no ano de publicação de sua última obra, o clássico Os condenados da terra. O pensador marcou época a partir de seus escritos e morreu num momento-chave da história africana, o da chegada das independências, época da qual foi testemunha e protagonista ao militar na Frente de Libertação Nacional (FLN) durante a guerra pela emancipação da Argélia (1954-1962). Como psiquiatra, sua vivência foi fundamental para traçar o perfil das pessoas colonizadas, em um livro que se tornou referência obrigatória para os estudos sobre o colonialismo.

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“Duas pandemias?” Por Mia Couto e José Eduardo Agualusa

Na Revista Pazes

No dia em que a Europa interditou os voos de e para Maputo, Moçambique tinha registado 5 novos casos de infeção, zero internamentos e zero mortes por COVID 19. Nos restantes países da África Austral a situação era semelhante. Em contrapartida, a maioria dos países europeus enfrentava uma dramática onda de novas infeções.

Cientistas sul-africanos foram capazes de detetar e sequenciar uma nova variante do SARS Cov 2. No mesmo instante, divulgaram de forma transparente a sua descoberta. Ao invés de um aplauso, o país foi castigado. Junto com a África do Sul, os países vizinhos foram igualmente penalizados. Em vez de se oferecer para trabalhar juntos com os africanos, os governos europeus viraram costas e fecharam-se sobre os seus próprios assuntos.

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“Só consigo escrever quando me relaciono com uma alma angolana”, entrevista a Ana Paula Tavares

No Buala

Ana Paula Tavares nasceu numa aldeia da província da Huíla, em 1952. Os seus pais, um homem mestiço e uma mulher branca nascida em Angola, viviam num ambiente rural e com poucos recursos, pelo que decidiram procurar “padrinhos coloniais” para a filha, na esperança de que tivesse acesso a uma boa formação. Assim, Ana Paula Tavares foi criada pelos seus padrinhos portugueses sob uma rígida educação católica, mas nunca perdeu de vista as sociedades agropastoris da região que a influenciaram profundamente. Absorveu os saberes das mulheres, as vozes e os sons da terra e das línguas bantu como necessidade de identificação com a terra. Enquanto os seus avós, pais e irmãos vieram para Portugal na altura da Independência de Angola, a poeta decide ficar e questionar o seu lugar neste mundo, numa época marcada pela guerra. No ano de 1992, muda-se a Lisboa e se consagrará como escritora e professora universitária. Nos seus livros de poesia usa o nome Paula Tavares, nos seus livros em prosa e trabalhos académicos assina com Ana Paula Tavares.

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