Cândido Grzybowski: Ainda dá para transformar o poder e a máquina destruidora do capitalismo?

Sentidos e rumos

Sinto-me num beco estreito, sem saída a vista. Que fazer diante de um quadro assim, tão ameaçador? O ano começou e o primeiro mês está no fim. Tudo parece muito sombrio. Onde se escondem os sinais de que nada é definitivo? Tem que ter uma saída, por mais estreita que seja. Afinal, a história passada ensina que nada é definitivo, sempre existem brechas e alternativas. Onde elas se escondem, na espreita para aparecer? Que caminho é mais promissor? Vivemos no Brasil, apenas uma parte do mundo, mas tudo em sendo afetado pelo mundo que nos rodeia e condiciona. Quanto?  O Brasil é inspirador? Está num caminho virtuoso? Acho que continuamos num beco sem saída visível, com uma democracia encurralada, como estou cansado de dizer. Mas tem alternativas viáveis? Não as vejo no horizonte político imediato e já  entramos no terceiro ano do governo Lula III. (mais…)

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Dowbor: A atualidade radical da Renda Básica

Num mundo em que a riqueza coletiva é capturada por tão poucos, alguns ainda julgam descabido oferecer dinheiro sem contrapartida em trabalho. É hora de demonstrar a inconsistência – ética, social e econômica – desta oposição

Por Ladislau Dowbor, no Meer | Tradução: Glauco Faria, em Outras Palavras

Enquanto a economia for movida principalmente pela maximização do lucro, ela responderá à demanda expressa pelos grupos mais ricos da sociedade, levando a formas extrativistas de produção que agravam a exclusão social em nome da criação de mais riqueza, e deixará de assegurar os direitos das pessoas em situação de pobreza.
(Olivier de Schutter)¹

O ponto de partida óbvio é que o que produzimos no mundo, o chamado PIB global, é suficiente para garantir uma vida digna e próspera para todos. Também podemos usar a Renda Nacional Líquida ou acrescentar a infraestrutura já construída – casas, estradas, eletricidade, sistemas de água, ruas e tantas outras melhorias herdadas -, mas o fato básico é que o que temos e produzimos é suficiente. Para se ter uma referência, o PIB mundial, de 110 trilhões de dólares, para uma população de 8 bilhões, equivale a 4.600 dólares por mês para uma família de quatro membros. Mesmo no Brasil, com um PIB per capita de 10 mil dólares por ano, o que produzimos equivale a 3,3 mil dólares por mês por família de quatro membros. Podemos brincar com os números, mas o fato básico é que nosso problema não é econômico, mas de organização social e política. (mais…)

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Produção x poluição: as disputas que travam um tratado global sobre plásticos

Dezenas de países contestam reciclagem como única solução e pedem menos produção; petroleiros são contra qualquer limite

Por Isabel Seta | Edição: Giovana Girardi, Agência Pública

“Meu entendimento é que, se lidarmos com a poluição plástica, não deveria haver problema em produzir plásticos. Porque o problema é a poluição, não os plásticos em si.” Foi assim que o representante da Arábia Saudita reduziu o grande impasse nas negociações por um tratado global contra a poluição por plásticos. (mais…)

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Desafios, Buscas e Dúvidas Políticas: Para onde nos movemos? Por Cândido Grzybowski

Em Sentidos e Rumos

Não hesito em afirmar que, como esquerdas no Brasil, não estamos sabendo  nos reinventar para disputar hegemonia e incidir na política atual, onde tudo parece estar nos levando à uma perda de rumo. Para a minha geração, aquela insurreição cidadã de muitas frentes, dos anos 1980, de conquista da institucionalidade democrática, depois de 24 anos de ditadura militar violenta, gera um saudosismo e, talvez, uma distorção no ver o que está acontecendo. A continuidade da extrema desigualdade social interna, com racismo, machismo, intolerâncias, violências e exclusões de toda ordem, sem controle, ameaças políticas autoritárias, reprimarização da economia e dependência de commodities nos fazem duvidar sobre a capacidade da democracia dar conta de tantos desafios. (mais…)

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‘O Idiota’: a ascensão política da barbárie encarnada em personagens grotescos. Entrevista especial com Domenico Hur

O discurso radical da suposta direita antissistema se apoia na produção de discursos cada vez mais radicais e extremos produzindo uma polarização que torna cada vez mais narcísicos ambos os espectros políticos

Por IHU e Baleia Comunicação

Quando Tom Jobim cunhou a célebre frase “O Brasil não é para principiantes”, ele foi capaz de sintetizar a complexidade que significa viver em um país continental e com contradições e potencialidades igualmente colossais. A afirmação cai como uma luva para pensarmos os nossos desafios políticos, sobretudo quando no cenário político recente e atual surgem figuras que ganham notoriedade dobrando a aposta do absurdo e investindo em afetos intensos como estratégia de visibilidade. (mais…)

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Saúde, meio ambiente e a luta contra o desencanto

O novo presidente da Abrasco fala sobre o futuro da entidade e suas perspectivas diante de um país e um mundo em crise. Sustenta: o Brasil pode ter papel crucial em aprofundar a compreensão da Saúde Coletiva, com a defesa do planeta no horizonte

Rômulo Paes em entrevista a Gabriel Brito, Outra Saúde

“São tempos de desencanto”. É assim que Rômulo Paes de Sousa, novo presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), define a atualidade, marcada pela crise estrutural de um capitalismo que leva o planeta ao colapso climático. Diante de tamanho dilema histórico, o campo da saúde teria caminhos alternativos a oferecer? Sim, diz ao Outra Saúde, desde que consiga aliar o acesso a serviços de saúde com uma agenda de renovação do conceito da democracia e sua produção política. (mais…)

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Faz sentido falar em luta de classes hoje? Por Douglas Barros*

Nosso esforço deve ser reconduzido a entender a luta de classes não como uma escolha narrativa, mas como algo dado numa realidade material organizada a partir da exploração necessária à manutenção do capital.

Blog da Boitempo

No princípio era o chip

Em 1946, Mauchly e Eckert, cientistas da Universidade da Pensilvânia, na frente de uma plateia composta por colegas, curiosos e militares do exército norte-americano deixaram as luzes de toda Filadélfia piscando quando ligaram o ENIAC (calculadora e integrador numérico eletrônico). Esse foi considerado o primeiro computador. Tratava-se de um trambolho de 30 toneladas, 2,75m de altura, 70 mil resistores e 18 mil válvulas a vácuo, uma herança da Segunda Guerra. É muito provável que embora soubessem da importância do empreendimento, eles ignorassem que o piscar das luzes da cidade selaria o início de uma profunda e decisiva transformação tecnológica.1 (mais…)

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