Um dos principais temas em debate no Abrascão 2025 é o financiamento do SUS. Mais profundamente, a economia política da saúde, como tratou de enfatizar o debate Equidade, Financiamento e Futuro do SUS, realizado na manhã da segunda (1º). (mais…)
capitalismo
COP30: quando a Amazônia se torna espelho das contradições do mundo
Conferência expõe os limites da governança climática e aponta a urgência de outro projeto de humanidade
Por Nina Fideles, Brasil de Fato
Belém (PA), no norte do Brasil, torna-se palco simbólico de um mundo em disputa. Às margens do rio Guamá, onde o calor úmido se mistura ao cheiro da floresta e à memória ancestral dos povos originários, realiza-se a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30). O Brasil volta ao centro das negociações internacionais cercado de expectativas, lutas e muitas contradições. (mais…)
É mais fácil imaginar o fim da floresta do que o fim do capitalismo
Os dados climáticos apresentados nessa COP30 tornaram-se uma enxurrada de informações que Mark Fisher descrevia como estatísticas que nos dessensibilizam em vez de alertar. Mas há alternativa: o socialismo ecológico, substituindo acumulação por reciprocidade e a extração por regeneração. O futuro não será sustentável se não for, antes de tudo, ancestral e pós-capitalista.
Por Bräulio Rodrigues, na Jacobin
Esta inversão perversa do velho ditado de Fredric Jameson define nosso momento climático com precisão obscena. O que é a COP senão a ritualização desta incapacidade? Uma cerimônia onde celebramos nossa própria impotência, vestida com o jargão vazio da sustentabilidade e da economia verde. Tudo pode ser gerido, basta fazer um bunker no meio da Amazônia. (mais…)
Fortalecendo a intersetorialidade em tempos de emergência climática na luta contra as iniquidades em saúde
Mudanças climáticas, perda de biodiversidade, degradação ambiental, pandemias, resistência aos antimicrobianos, riscos na segurança dos alimentos e insegurança alimentar são faces da mesma crise sistêmica global, profundamente interconectadas com o modelo econômico capitalista dominante. A implementação de estratégias baseadas na abordagem Uma Só Saúde torna-se essencial para enfrentar os desafios contemporâneos de forma mais efetiva, promovendo uma visão sistêmica que integra as dimensões da saúde humana, animal, vegetal e ambiental
Quando a pandemia de COVID-19 nos impactou com consequências catastróficas, ficou ainda mais evidente que nossa abordagem fragmentada da saúde havia falhado sob diversas perspectivas, como na detecção precoce, na adoção de medidas de controle oportunas e na capacidade de resposta ágil e efetiva. Igualmente, na fragilidade da coordenação e compartilhamento de dados, na interrupção de outros serviços essenciais e na disseminação massiva de desinformação. Esta situação reafirmou a urgência da incorporação de uma visão integrada compreendendo saúde humana, animal, vegetal e ambiental, entendendo que neste último deve-se considerar um sistema socioecológico complexo que engloba elementos bióticos e abióticos interconectados, fundamentais para a sustentabilidade da vida e da saúde. Não há “Uma Só Saúde”, também conhecida como “Saúde Única”, sem compreender que a crise sistêmica global, incluindo a relação das mudanças climáticas, degradação ambiental, ameaças na biodiversidade e a ocorrência de emergências de saúde pública, como as epidemias e pandemias, estão profundamente interconectadas com o modelo econômico capitalista. (mais…)
A luta por tempo livre e o mito do capitalismo justo
Mesmo com o extraordinário avanço tecnológico, nunca se trabalhou tanto – reflexo direto do desmonte de direitos e chantagens patronais que abriram portas para jornadas primitivas. A luta contra a escala 6×1 é apenas a ponta do problema de uma batalha mais ampla
Por Leonardo Lani de Abreu, em Outras Palavras
A liberdade humana é inconcebível sem o tempo, a ponto de se poder afirmar que, na ausência do tempo livre, isto é, o período temporal em que uma pessoa não está obrigada a trabalhar ou a realizar outras atividades impostas, inexiste também a liberdade real. Quem não é dotado de tempo livre tem pouca margem para pensar, criar, estudar, descansar ou participar da vida política. O resultado dessa privação é o surgimento em larga escala de indivíduos autocentrados, intelectualmente embotados, esgotados, ou, numa palavra, infelizes. Esta é a razão por que Marx (2011) identificou a riqueza genuína como o tempo livre dispensado ao alcance da plenitude do desenvolvimento humano, em vez do acúmulo de bens materiais. (mais…)
As barragens e o capitalismo de desastres. Por Henri Acselrad
Para além da tragédia abrupta, o desastre é um processo contínuo de transferência de custos, onde a “vida ecológica dos rejeitos” expropria o futuro de comunidades inteiras em nome do lucro
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Neste mês de novembro de 2025, completam-se dez anos da ocorrência do desastre da Samarco/Vale/BHP em Mariana e na Bacia do Rio Doce. Grande quantidade de estudos alimentou a discussão sobre esta tragédia e aquela que se seguiu, em Brumadinho em 2019, apontadas como expressões de um capitalismo extrativo “de desastre”[i]: após a baixa nos preços das commodities, as empresas haviam buscado ampliar sua produção, apoiando-se no baixo custo operacional proporcionado pela expansão da produção, na precarização das relações de trabalho e no afrouxamento das normas de segurança. (mais…)
Pesquisa e impactos da crise socioambiental são debatidos em seminário do Fórum Oswaldo Cruz
Elisandra Galvão, VPPCB/Fiocruz
O seminário Conexões da pesquisa com a sociedade num contexto de crise socioambiental, realizado em 22 de outubro na Fiocruz, marcou mais uma etapa do Fórum Oswaldo Cruz – processo que vem mobilizando a Fundação desde agosto para construir, de forma participativa, o Plano de Desenvolvimento Institucional da Pesquisa. O encontro, que integrou a programação da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, reuniu especialistas e trabalhadores da Fiocruz, além de representantes de movimentos sociais e povos tradicionais para discutir a ciência feita na Fundação e suas conexões com os desafios contemporâneos e ancestrais dos territórios. O Fórum Oswaldo Cruz faz parte das celebrações dos 125 anos da Fiocruz. (mais…)
