Dos escombros da economia do Estado brasileiro, emergem organizações criminais. Entrevista especial com Daniel Hirata

Ao analisar os processos atuais de destruição da proteção social, professor recupera a origem das milícias e reflete sobre a relação desses grupos com o Estado

Por: João Vitor Santos, em IHU

Em tempos de campanha eleitoral, e até antes, ouve-se muito que, dada a criminalidade e violência no Brasil, “vivemos num Estado miliciano”. Mas o que isso significa? Para o professor Daniel Hirata, não se deve seguir com uma ideia de que as milícias, enquanto organização criminal, estão constituindo um outro tipo de Estado. “Não é outro projeto de Estado; ele se faz em conjunto com o Estado”, observa. Ou seja, significa pensar que a milícia precisa dessa estrutura estatal como conhecemos para se constituir e sobreviver. (mais…)

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Áreas controladas por milícias no Rio de Janeiro crescem 387% em 16 anos

Mapa dos Grupos Armados mostra que as milícias são hoje a maior organização criminosa do estado e a principal ameaça à segurança pública

Por Redação RBA*

As áreas dominadas pelas milícias cresceram 387,3% nos últimos 16 anos no Rio de Janeiro. É o que mostra o Mapa Histórico dos Grupos Armados do Rio, divulgado nesta terça-feira (13) pelo Instituto Fogo Cruzado e o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF). De acordo com o levantamento, entre 2006 e 2021 o domínio territorial dos milicianos passou de 52,6 quilômetros quadrados para 256,3 quilômetros quadrados, uma área equivalente a 10% de toda a extensão do Grande Rio. (mais…)

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A milícia é hoje a malha que recobre o país, das urnas à face do “cidadão de bem”. Entrevista especial com José Cláudio Alves

Professor analisa como o poder das milícias chegou às altas esferas do Estado, sua relação com a política armamentista e os riscos de saírem ainda mais fortes das eleições de 2022

Por: João Vitor Santos, em IHU

Quando se traz à pauta o assassinato da vereadora Marielle Franco, do Rio de Janeiro, e de seu motorista Anderson Gomes, muitos narizes se retorcem, olhos viram, lábios se esticam e se comprimem como que se fizessem força para não deixar sair a reclamação: “de novo esse assunto”. Mas, por mais que se resista, essa pauta não pode ser deixada de lado. Como se a execução de duas pessoas já não fosse suficiente, esse caso é um dos tantos no Brasil encoberto por uma malha que nos impede de ver claramente o que está em jogo. É um nefasto jogo em que quem dá as cartas é a milícia. “A estrutura miliciana é uma malha que recobre o país como um todo. Não tenho dúvidas sobre isso”, dispara o professor José Cláudio Alves. (mais…)

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Dowbor: as milícias e a economia da extorsão

Ela permitiu a grupos paramilitares adentrar na política – de câmaras municipais ao Planalto. Suas redes são complexas e lucrativas e exploram a miséria das periferias. Premiado livro de Bruno Paes Manso expõe suas perversas engrenagens

Por Ladislau Dowbor, em Outras Palavras

Escrevo esta resenha ainda sob o choque de mais uma chacina que vitimou 19 pessoas na favela do Alemão no Rio de Janeiro, neste julho de 2022, mas também pelo acúmulo de execuções que vemos de norte a sul do país, e pelo crescente sentimento de impotência frente à criminalidade das chamadas forças da ordem. Em 2021, a polícia matou uma média de 17 pessoas por dia, a maioria jovens negros, neste país que não tem pena de morte. Falam em tiroteio, mas quando morrem dezenas e apenas raramente ocorre uma morte de policial, trata-se de execuções. E tem a ver também com a profunda indignação frente ao comportamento de um presidente que encoraja essa criminalidade, com a qual a sua família está diretamente conectada.

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Contra o poder das milícias

Por Luiz Marques, em Terapia Política

O psicanalista Bruno Bettelheim, ao recapitular o período em que esteve internado na condição de judeu em um campo de concentração nazista, afirma que nunca viu um soldado da SS (Schutzstaffel / Esquadrão de Proteção) gastar o tempo com maus-tratos aos prisioneiros – fora do horário de serviço, com o que contestou as interpretações que apontam o sadismo como motivo para a conduta dos funcionários do Fuehrer. Os estereótipos comportamentais não auxiliam no entendimento do fascínio despertado pela pulsão destrutiva do nazismo. O sentimento de dever imperioso pautava a tropa, que suspendia o juízo moral sobre o conteúdo do que os superiores determinavam fazer.

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As chacinas no Brasil não são mais resquícios da ditadura, mas marcas de nossa frágil democracia. Entrevista especial com Carolina Grillo

Para a pesquisadora, o número e a incidência de mortes em massa revelam que essas ações já estão, perigosamente, no imaginário de combate ao crime. Isso fragiliza e fere o amplo sentido de sistema democrático

Por: João Vitor Santos, em IHU

O senso comum diz que democracia é o direito de todos. Mas a forma como se vive a democracia pode revelar que ela nem sempre é para todos. Um país que usa a morte como estratégia de segurança pública e estigmatiza os marginalizados como criminosos, encarcerando e matando, não pode se considerar plenamente democrático. De outro lado, não se pode ignorar a presença do crime organizado que, se valendo desse frágil sistema, cresce e corrói esse mesmo Estado que prega a morte.

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Chacinas policiais no RJ favorecem a expansão das milícias, defende especialista

Para Daniel Veloso Hirata, da UFF, direcionamento do aparato repressivo prioritário para as áreas dominadas pelo Comando Vermelho tem como efeito o favorecimento de uma possível extensão territorial por parte dos grupos milicianos

por Gil Luiz Mendes, na Ponte

Marcada pelas operações policiais altamente letais em comunidades que estariam sob o controle da principal facção criminosa do estado do Rio de Janeiro, caso da chacina na Penha nesta quarta-feira (24/5), a política de segurança pública do governo Cláudio Castro (PL) não usa da mesma força em áreas dominadas por grupos milicianos. O Cidade Integrada, programa lançado no início do ano para implantar o controle policial em locais controlados por grupos armados, mostra bem a diferença de tratamento.

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