As chacinas no Brasil não são mais resquícios da ditadura, mas marcas de nossa frágil democracia. Entrevista especial com Carolina Grillo

Para a pesquisadora, o número e a incidência de mortes em massa revelam que essas ações já estão, perigosamente, no imaginário de combate ao crime. Isso fragiliza e fere o amplo sentido de sistema democrático

Por: João Vitor Santos, em IHU

O senso comum diz que democracia é o direito de todos. Mas a forma como se vive a democracia pode revelar que ela nem sempre é para todos. Um país que usa a morte como estratégia de segurança pública e estigmatiza os marginalizados como criminosos, encarcerando e matando, não pode se considerar plenamente democrático. De outro lado, não se pode ignorar a presença do crime organizado que, se valendo desse frágil sistema, cresce e corrói esse mesmo Estado que prega a morte.

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Chacinas policiais no RJ favorecem a expansão das milícias, defende especialista

Para Daniel Veloso Hirata, da UFF, direcionamento do aparato repressivo prioritário para as áreas dominadas pelo Comando Vermelho tem como efeito o favorecimento de uma possível extensão territorial por parte dos grupos milicianos

por Gil Luiz Mendes, na Ponte

Marcada pelas operações policiais altamente letais em comunidades que estariam sob o controle da principal facção criminosa do estado do Rio de Janeiro, caso da chacina na Penha nesta quarta-feira (24/5), a política de segurança pública do governo Cláudio Castro (PL) não usa da mesma força em áreas dominadas por grupos milicianos. O Cidade Integrada, programa lançado no início do ano para implantar o controle policial em locais controlados por grupos armados, mostra bem a diferença de tratamento.

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Registro de armamento pesado aumenta 574% no país. “Há um verdadeiro estímulo ao comércio ilegal de armas”. Entrevista especial com Carlos Tautz

O estímulo ao armamento pode ter como consequência a expansão de grupos milicianos para todo país, diz o jornalista

Por: Patricia Fachin, em IHU

Segundo dados do Ministério Público Federal – MPF, o aumento na importação de armas no Brasil no ano passado foi de 33% em comparação com o ano de 2020. Igualmente, aumentou em 574% o registro de armamento pesado, como fuzis, carabinas, metralhadoras e submetralhadoras. Esses dados e as mudanças recentes em normas de acesso a armas e munições a partir da revogação de portarias que estabeleciam regras mais rígidas para a marcação, controle e rastreamento destas têm um impacto direto na “estrutura de fiscalização” e é um “verdadeiro estímulo ao comércio ilegal de armas”, afirma o jornalista Carlos Tautz na entrevista a seguir, concedida por WhatsApp ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU.

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Acesso a armas e munições: MPF e outras instituições receiam nacionalização de milícias

Para especialistas, novas normas exigem ações de controle e abertura de investigações

Ministério Público Federal na 2ª Região (RJ/ES)

O Grupo de Trabalho (GT) Defesa da Cidadania, coordenado pelo Ministério Público Federal (MPF) e com 11 instituições estatais e da sociedade civil fluminenses, emitiu nota técnica sobre recentes mudanças em normas de acesso a armas e munições. Para os especialistas, o novo marco regulador beneficia o crime organizado e exigirá outras ações de controle, investigação e repressão. O GT, que reage a casos de violência policial e de militares desde 2019, conclui a Nota com propostas contra a nacionalização das milícias.

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No mundo real, do qual a política se divorciou, as populações vivem, sofrem, são destruídas e massacradas. Entrevista especial com José Cláudio Alves

“Não há como, a partir da prática política institucional e partidária, por ela própria, fazer transformações”, afirma o sociólogo

Por: Patricia Fachin, em IHU

“No universo de pós-verdade, onde a farsa, a mentira, o engodo e o embuste foram transformados em verdade a partir de redes sociais e de toda a parafernália de divulgação da mentira, o jogo político virou algo incontrolável e incapaz de nos dar qualquer horizonte ou norte de orientação para onde devemos ir”. É a partir desta constatação que o sociólogo José Cláudio Alves reflete sobre alternativas para reaproximar a política do mundo real, não com discursos vazios sobre as mulheres ou os problemas sociais, mas tornando as populações protagonistas e construtoras das mudanças políticas em seus espaços.

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Moïse: arqueologia de um linchamento

Há algo de banal no crime que completa um mês. Ele expressa, além da milícia, uma brutalidade típica do Brasil: a que descarregamos uns contra os outros, por incapazes de fazer, da nossa raiva, impulso para mudar uma sociedade hedionda

Por Gustavo Assano, em Outras Palavras

So quietly stole upon their prey
And dragged him out to death, so without flaw
Their black design, that they to whom the law
Gave him in keeping, in the broad bright day,
Were not aware when he was snatched away,
And when the people, with a shrinking awe,
The horror of that mangled body saw,
“By unknown hands!” was all that they could say.
Leslie Pinckney Hill (1921)

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