PL das Fake News: “regular as plataformas é uma tarefa da nossa geração”

Diretor do InternetLab explica o que está em jogo e que governo federal ainda não deixou suas propostas claras

Por Laura Scofield, Agência Pública

Após o 8 de janeiro, a urgência de regular a comunicação nas plataformas digitais de modo a diminuir a disseminação de conteúdos nocivos cresceu entre as autoridades públicas, assim como as cobranças da sociedade civil para que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário façam algo. O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já disse algumas vezes que esse é um dos focos de sua gestão. (mais…)

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A pílula vermelha: redes sociais, pós-verdade e a ideologia bolsonarista

A questão da “pílula vermelha” expõe um paradoxo que me parece central no entendimento do bolsonarismo: como pode um movimento tão fora da realidade, embriagado em teorias da conspiração, achar que sua leitura paranoica e projetiva da realidade – para não dizer delirante – é, no final das contas, pós-ideológica?

Por Bruna Della Torre, no Blog da Boitempo

Quando pensamos em pílulas vermelhas e azuis no mundo real, obviamente, estamos pensando no estado orwelliano de controle da mente. Não vamos curar todo o seu cérebro. Após o tratamento, por exemplo, você ainda pode ser um torcedor do Celtics. Nosso interesse químico é exclusivamente no lóbulo político.
Curtis Yarvin, A Gentle Introduction to Unqualified Reservations

Matrix foi o grande filme de ficção científica de minha geração. Talvez por isso, sempre me chamou a atenção o uso da metáfora da pílula vermelha pela extrema direita trumpista e bolsonarista. Difundida por uma postagem no Twitter de Elon Musk em 2020, que aconselhava seus seguidores a “tomar a pílula vermelha”, a expressão foi mobilizada dessa forma por Curtis Yarvin, o filósofo favorito da alt-right estadunidense, expoente fundador do movimento Dark Enlightenment [esclarecimento obscuro], já em 2007. Sob o pseudônimo de Mencius Moldbug, ele escrevia em seu blog: “Todos vimos Matrix. Sabemos sobre as pílulas vermelhas. Muitos dizem vendê-las. Por exemplo, você pode ir a qualquer livraria e pedir ao homem atrás do balcão por um pouco de Chomsky. O que você vai receber são pílulas azuis pintadas em vermelho #3”. De acordo com Yarvin, a pílula vermelha que seu blog oferece é: “A América é um país comunista”. Sua tese é a de que democracia é incompatível com liberdade. E a verdade é que nós habitamos a Matrix ou “A Catedral”; um sistema composto pela burocracia estatal, pela mídia burguesa e pelas universidades que pouco a pouco visam impor uma ditadura comunista woke. Foram dez anos insistindo nesse tipo de tese na internet. Suas ideias, divulgadas no blog até a vitória de Trump, estão na base da nova direita americana (Bannon foi um leitor ávido de Yarvin) e tiveram profunda ressonância no Brasil. (mais…)

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Crise do Twitter: o que há além das Big Techs

Rede pode sucumbir sob controle de Elon Musk. Saída estará em migrar para algo semelhante ou num despertar do sono tecnológico? Diversas plataformas voltadas ao Comum, como o Mastodon, mostram: ainda é possível descolonizar a internet

Por Ekaitz Cancela, no El Salto | Tradução: Rôney Rodrigues, em Outras Palavras

Dadas as lógicas culturais do capitalismo digital, nunca se sabe se a pós-modernidade está à beira de uma explosão — levando consigo este sistema e suas plataformas mais proeminentes — ou se assistimos a uma atualização permanente do prefixo em questão. A compra do Twitter por Elon Musk, o homem mais rico do mundo com uma fortuna de US$ 219 bilhões, dá conta dessa ambivalência. Enquanto o rápido fluxo de mercadorias continua – e continuará – a colonizar nossas atividades genuínas e rotineiras com a ajuda das ubíquas tecnologias da informação, os contornos da sociedade do espetáculo que Guy Debord descreveu tem deixado de se mostrar como uma imagem invertida de nossa existência, onde as relações sociais capitalistas reinam sobre qualquer outra experiência. (mais…)

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Meta impediu candidatos de impulsionar conteúdo sobre maconha

Contrariando decisões do STF, Facebook e Instagram restringiram propaganda de candidatos liberacionistas nas eleições

Por Matias Maxx, Agência Pública

“Você que fuma maconha e sabe que não é nada disso, você que usa óleo de maconha como remédio para seu filho, para sua mãe, para sua família. Você que quer vender legalmente maconha no seu país, aperta 5042 e não esquece, aperta o verde depois.” Este é o texto do vídeo da campanha do então candidato a deputado federal, o advogado André Barros (PSOL-RJ). A formalidade do terno e cabelo grisalho contrastam com o sotaque carregado do carioca, que está no meio de uma pequena estufa de maconha. No canto superior direito, o símbolo da campanha: uma folha de maconha dentro de um sol. O vídeo teve, organicamente, mais de 50 mil visualizações no Instagram e 80 mil no Facebook. Porém, quando o candidato tentou impulsioná-lo em plena campanha eleitoral, o anúncio foi recusado pela Meta. (mais…)

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Elon Musk e o golpismo. Por Tatiana Dias

Viramos brinquedos de bilionários – e quem perde é a democracia.

Newsletter do The Intercept Brasil

Insatisfeito com o governo, um empresário ficou sabendo de protestos em uma praça central da cidade pelo Facebook e Twitter. Nas ruas, cidadãos munidos de celulares fotografavam, filmavam e postavam para reportar o que, segundo eles, a mídia tradicional não mostrava. Empoderadas e conectadas, as pessoas comuns criavam uma nova forma de fazer política. Suas opiniões tinham valor, e qualquer mobilização poderia ser organizada em poucas horas, desafiando tentativas de censura, o status quo e o poder que ousasse não respeitar a vontade das ruas. (mais…)

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