“Capitalismo e escravidão na sociedade pós-escravista”. Artigo de José de Souza Martins

IHU

“O trabalho escravo é a dolorosa expressão do verdadeiro conflito histórico entre os desvalidos e o capital, um dos conflitos estruturais do capitalismo brasileiro na disputa da terra de trabalho, a terra de sobrevivência, contra a terra de negócio e rentismo, de usurpação, a de um capitalismo subdesenvolvido. É a questão agrária como questão do trabalho que dá sentido a esse conflito e a esse drama. Os autores de digressões sobre a “escravidão contemporânea” omitem-se em relação a essa contradição, sociologicamente explicativa. A do assalto indireto do capital ao mundo camponês, assalto através das mediações de ocultamentos sociais para viabilizar os resultados econômicos de sua reprodução ampliada.”, escreve o sociólogo José de Souza Martins, na introdução de Capitalismo e Escravidão na Sociedade Pós-escravista (Unesp, 2023). (mais…)

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PIB, história de um índice-zumbi

Ele existe há poucas décadas. Suas falhas e imprecisões, amplamente conhecidas, induzem a um “crescimento” que devasta sociedade e natureza. As lógicas capitalistas impõem sua sobrevivência. Dois movimentos as questionam

Por Marcos Barbosa de Oliveira, em Outras Palavras

Este ensaio trata do PIB (Produto Interno Bruto), sua história (seção1) e seus defeitos enquanto indicador do bem estar das populações (seção2), com destaque para as externalidades ambientais negativas (seção 3). Tais defeitos substanciam um número enorme de críticas ao PIB, algumas bem radicais, que motivam a criação de indicadores alternativos (seção 4). Uma característica importante das críticas é a de que elas são reconhecidas pelo establishment; mais precisamente pelas instituições internacionais responsáveis pelo estabelecimento de normas e métodos para a medição do PIB (seção 5). Esses fatores dão origem a um paradoxo: apesar da unanimidade no reconhecimento das disfuncionalidades do PIB, ele continua firme em seus papéis de parâmetro para a condução de políticas econômicas, variável a ser maximizada, critério de avaliação do desempenho de governos, etc. A explicação para o paradoxo é exposta na seção 6, com base no conceito de força do capital. A seção 7 retoma os temas da seção 3, analisando a relação entre o crescimento do PIB e os problemas ambientais. A seção 8 trata dos dois principais movimentos de esquerda no enfrentamento da crise ambiental, o do decrescimento e o ecossocialismo. A tese defendida é a de que, embora compartilhem diversas propostas, há pelo menos três fatores que dificultam a associação dos dois movimentos, do ponto de vista do ecossocialismo. (mais…)

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Lula 3: impasse na periferia do capitalismo

Num país subalternizado, e em meio ao ressurgimento mundial do fascismo, busca-se mitigar dores sem encarar suas causas. Como dar um passe adiante? Uma investigação teórico-política inspirada na Teoria Marxista da Dependência

Por Luiz Filgueiras, em Outras Palavras

A partir da perspectiva da Teoria Marxista da Dependência (TMD) atualizada (Amaral:2012)1, este ensaio tem por objetivo geral discutir as dificuldades e limitações históricas dos governos de esquerda no Brasil em implementar os seus programas (econômico, social e político), principalmente no que se refere ao seu eixo central, qual seja: a necessária, e urgente, mudança estrutural da distribuição de renda e da riqueza entre as classes – condição fundamental, necessária, embora não suficiente, para o enfrentamento das demais desigualdades sociais (de gênero, raça etc.) que organizam e estruturam historicamente o capitalismo, em particular o capitalismo dependente brasileiro (Almeida:2019). (mais…)

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O chororô dos super-ricos e seus sabujos. Por Glauco Faria

Para taxar o 0,001% dos brasileiros que acumulam centenas de bilhões em fundos e paraísos fiscais… quanta comoção! Dinheiro sai da economia e não gera empregos, só endividamento. Mas a reação quer imputar aos pequenos a culpa dos tubarões

No Outras Palavras

A atual discussão em torno das taxações sobre os fundos exclusivos e o dinheiro brasileiro em paraísos fiscais fora do país traz muito da história da formação do Brasil e também sobre como estamos fora de debates no resto do mundo, onde se discute como reduzir a desigualdade tendo como um dos instrumentos uma maior tributação dos mais ricos. (mais…)

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Nota sobre o sistema de cotas no Brasil. Por Jorge Luiz Souto Maior

Uma política de inserção de negras e negros em um país marcado pela escravização

Em A Terra é Redonda

Nem adianta insistir no tema do racismo estrutural, explicitando, inclusive, que a questão do racismo no Brasil tem raízes históricas e está até hoje presente como elemento estruturante de um modelo de sociedade integrado ao contexto de capitalismo dependente. (mais…)

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Desnudar o poder numa sociedade violenta

Sociologia como coragem: quando novos atores alcançam condições de agir, as elites respondem com violência. Há pouco, vimos isso no Brasil. Cabe aos sociólogos buscar esquemas analíticos que realcem os modos do controle, explícitos ou sutis

Por Elide Rugai Bastosna coluna da Biblioteca Virtual do Pensamento Social (BVPS), em Outras Palavras

O tema que me propõem – A sociologia como o quê? – é intimidante, porque obriga a repensar nossa própria atuação como docentes, orientadores e pesquisadores na área específica da sociologia. Ainda mais, na formulação da questão a ser debatida, temos a ilustração de respostas de grandes autores formuladas anteriormente. (mais…)

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Caminhos para uma política pública do Cuidado

Governo Lula cria Grupo de Trabalho, reunindo 14 ministérios, com essa missão. E um desafio, urgente e estrutural: enfrentar a desigualdade sistêmica, patriarcal e racializada, que submete mulheres e meninas. Sem isso, há o risco do resultado ser inócuo

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Cuidar do povo brasileiro, este tem sido um compromisso reiterado do presidente Lula, desde a sua campanha. Não por acaso, foi na solenidade do 8 de Março, no Palácio do Planalto, que ele assinou o decreto de criação de um Grupo de Trabalho Interministerial,1 composto por 14 ministérios e pela Fenatrad – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas, para definir a Política Nacional de Cuidados. Afinal, a incorporação dessa questão na agenda governamental se dá em resposta às demandas feministas, de militantes revolucionárias2 e de movimentos sociais, há muito colocadas e agora assumidas também por organismos internacionais no sistema das Nações Unidas. (mais…)

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