O Ministério Público brasileiro investiga a responsabilidade da entidade, fundada em 1808, na compra e venda de africanos
Por Naiara Galarraga Gortázar, no El País
O comércio de escravos para o Brasil e o resto da América era um negócio tão desumano quanto gigantesco que poderia ser extremamente lucrativo. Envolveu investidores, seguradoras ou capitães de navios que fizeram a contabilidade. Um deles registrou, após atracar com a carga humana no Rio de Janeiro em 1762, as receitas provenientes da venda dos africanos trazidos à força, deduziu o valor dos cativos mortos durante a viagem e, no capítulo das despesas, incluiu o transporte marítimo, seu salário, o pagamento ao padre que batizou cinco cativos, “a alimentação dos escravos durante 76 dias, a 60 reais por dia e a comissão de vendas, 6%”, conforme relatado em Escravidão, trilogia premiada sobre aquele período cruel. O tráfico de escravos tornou-se um dos pilares da economia brasileira. Um século e meio depois da abolição , o Ministério Público Federal brasileiro acaba de abrir um processo para investigar a responsabilidade do Banco do Brasil (BB) na compra e venda de seres humanos. (mais…)
Ler Mais