Viagem à segunda frente do massacre palestino. Aqui, 2,7 milhões de pessoas estão cercadas e são humilhadas todos os dias pelo exército de Israel e milícias. Tel-Aviv quer suas terras, sua água, sua dignidade. Numa aposta contra tudo, elas resistem
Por Chris Hedges | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras
Ramallah, Palestina Ocupada: Voltaram depressa o fedor de esgoto bruto, o gemido do motor de diesel, os veículos blindados israelenses semelhantes a preguiças, as vans cheias de ninhadas de crianças, dirigidas por colonos de rosto calejado – certamente não daqui, provavelmente do Brooklyn, de algum lugar da Rússia ou talvez da Grã-Bretanha. Depois de duas décadas, retornei à Palestina ocupada. Pouco mudou. Os postos de controle com suas bandeiras israelenses azuis e brancas pontilham as estradas e os cruzamentos. Os telhados vermelhos das casas de colonos judeus – ilegais de acordo com a lei internacional – dominam as encostas dos vilarejos e cidades palestinas. Eles cresceram em número e em tamanho. Mas continuam protegidos por barreiras antiexplosão, arame farpado e torres de vigilância cercadas pela obscenidade de gramados e jardins. Os colonos têm acesso a fontes abundantes de água nessa paisagem árida que é negada aos palestinos. (mais…)