“Se Maria Firmina dos Reis ousou sonhar um novo mundo para os escravizados, Carolina Maria de Jesus nos mostrou em 1960 que a abolição veio, mas ela foi e continua incompleta porque não se deram as mesmas oportunidades a negros e brancos após a abolição”, afirma a historiadora
Por: João Vitor Santos | Edição Patricia Fachin, em IHU
A fome é uma “realidade que infelizmente ainda faz parte do nosso mundo, afinal, hoje temos 33 milhões de brasileiros que passam fome, a maioria deles, provavelmente são negros e pardos. Se convencionou chamar isso de ‘insegurança alimentar’, que é o eufemismo cruel para a fome que assola o nosso povo”, constata Régia Agostinho, ao comentar a condição social brasileira atual, já retratada na obra da escritora Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. Diário de uma favelada (1960). Segundo ela, as personagens negras do livro de Carolina de Jesus expressam a “consciência que a própria Jesus tinha de sua condição de mulher negra e favelada e que tinha sido colocada naquilo que ela entendia como o quarto de despejo da grande cidade de São Paulo. No diário, ela fala da abolição e como a nova escravidão seria a fome que a população negra e favelada passava no Brasil de 1960”. (mais…)
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