Vale tudo – o remake neoliberal. Por Luiz Marques

O verdadeiro “vale tudo” não é o gesto anárquico, mas a lógica sistêmica que mercantiliza até a rebeldia, convertendo a luta de classes em drama individual e o SUS em pano de fundo para vender xampu

Em A Terra é Redonda

Lançada em maio de 1988 e finalizada em janeiro de 1989, a novela Vale Tudo traz a icônica cena do personagem que ao fugir da justiça faz o gesto da “banana para o Brasil”. Quem simboliza o mal no remake neoliberal da teledramaturgia ainda é Odete Roitman, cujo sobrenome deriva do iídiche (roit / vermelho, man / homem). A indisfarçável insinuação ideológica dos tempos da Guerra Fria ressurge agora na hegemonia totalitária da mercadoria, segundo o padrão dos shopping centers. (mais…)

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A reprodução das desigualdades no Brasil. Por Ederson Duda

A desigualdade no Brasil não é um acidente, mas um projeto: o sistema tributário regressivo e a exploração do trabalho revelam que a riqueza dos poucos se alimenta do tempo e do sangue dos muitos. Enquanto o capital disfarça sua origem, a luta de classes persiste

A Terra é Redonda 

Produção, exploração e a forma social da desigualdade

A apropriação e a distribuição da riqueza social entre os indivíduos e as classes sociais no capitalismo pressupõe, antes de tudo, sua produção social. Para explicar sua distribuição, é necessário compreender de que forma essa riqueza é produzida, em quais condições históricas e sociais, e por meio de que relações. (mais…)

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Odete Roitman. Por Eugênio Bucci

O remake de Odete expõe o paradoxo do nosso tempo: enquanto a ética virou peça de museu, a vilania virou modelo de sucesso. Se antes a audiência queria sangue como justiça, agora pede sangue como espetáculo – de preferência, o dos “chatos” que ainda acreditam em virtude. Assim, em um mundo onde Trump e Bolsonaro são ídolos, o verdadeiro crime é ser honesto

A Terra é Redonda

1.

A confiança virou pó. Não se pode acreditar em mais ninguém. A boa fé não existe, a não ser como fachada. A honestidade se reduz a uma reles desculpa para o fracassado: é a única virtude da qual o pobre pode se orgulhar e, pior, é da boca para fora. Só vai enriquecer quem souber substituir a palavra “amor” pela palavra “interesse”. (mais…)

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O que vem depois da globalização neoliberal?

O mundo como o conhecemos é um produto da globalização — e esta era, ao que tudo indica, pode estar chegando ao fim.

Por Branko Marcetic / Tradução: Pedro Silva, na Jacobin

Donald Trump está de volta ao poder e, para dizer o mínimo, não é fã da globalização. O presidente publicamente “rejeitou o globalismo e abraçou o patriotismo” e disse que “isso deixou milhões e milhões de nossos trabalhadores com nada além de pobreza e sofrimento”. Para entender melhor a era atual da globalização que ele tenta encerrar e seu histórico, é útil compará-la com a globalização que ocorreu entre 1870 e a eclosão da Primeira Guerra Mundial. (mais…)

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O revolucionário Malcolm X. Por Luiz Bernardo Pericás

No Blog da Boitempo

Há cem anos nascia Malcolm X, um dos mais proeminentes ativistas sociais dos Estados Unidos do século passado. Ele seria assassinado a tiros no Salão Audubon, no Harlem, no dia 21 de fevereiro de 1965, sessenta anos atrás. Apesar da distância no tempo, sua influência continua a crescer. Ao longo da vida, Malcolm passou por diversas transformações, ou, como sugeriu o historiador e biógrafo Manning Marable, “reinvenções”: de Malcolm Little se tornou “Detroit Red”, depois Malcolm X e El-Hajj Malik El-Shabazz. Como o próprio Malcolm comentou: “Toda minha vida foi uma cronologia de mudanças”1. Ele se tornou um ícone cultural e uma das principais lideranças revolucionárias afro-americanas de sua época. (mais…)

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Gramsci, um revolucionário de carne e osso

Secretário do partido, filósofo, revolucionário e agitador cultural incansável, Antonio Gramsci fazia tudo e ainda usava a caneta como espada. Ele não achava que grandes idéias eram questões intelectuais – e insistia que os trabalhadores deveriam se tornar líderes de suas próprias organizações. Aos 129 anos, lembramo-nos dele com as vozes daqueles que o conheciam e o amavam.

Por Lorenzo Alfano, na Jacobina

É madrugada em Turim, rua do Arcivescovado, início de 1920. Na porta do L’Ordine Nuovo um homem com sotaque sulista estava irredutível: queria imediatamente uma reunião com o diretor da revista. L’Ordine Nuovo não era apenas o jornal dos operários turineses, era também o jornal de Antonio Gramsci. (mais…)

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Hélio Pellegrino, 100 anos: a psicanálise e a luta de classes

Na vasta elaboração do psicanalista e escritor, ainda há um aspecto pouco explorado: a luta de classes na psicanálise

Por Fernanda Canavêz e Fernanda Pacheco-Ferreira, no A Terra é Redonda

“Só não teme a liberdade
quem não serve ao privilégio
– ou à injustiça”.[1]

1.

Em 2024, comemora-se o centenário de nascimento do psicanalista e escritor Hélio Pellegrino. Nome memorável também na história brasileira de resistência à ditadura militar, Hélio Pellegrino chegou a ficar preso por alguns meses sob a acusação de ser um líder comunista. Militante da causa operária foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. (mais…)

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