Hélio Pellegrino, 100 anos: a psicanálise e a luta de classes

Na vasta elaboração do psicanalista e escritor, ainda há um aspecto pouco explorado: a luta de classes na psicanálise

Por Fernanda Canavêz e Fernanda Pacheco-Ferreira, no A Terra é Redonda

“Só não teme a liberdade
quem não serve ao privilégio
– ou à injustiça”.[1]

1.

Em 2024, comemora-se o centenário de nascimento do psicanalista e escritor Hélio Pellegrino. Nome memorável também na história brasileira de resistência à ditadura militar, Hélio Pellegrino chegou a ficar preso por alguns meses sob a acusação de ser um líder comunista. Militante da causa operária foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. (mais…)

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Um primeiro de maio triste para os que são livres como pássaros. Por Mauro Luis Iasi

Em tempos de subordinação real e não meramente formal, certos segmentos da classe trabalhadora podem inclusive operar seus próprios meios, no entanto só podem operá-los subordinados ao capital e inserindo-se no mercado de produção de mercadorias ou serviços operados por grandes empresas. Como se fosse uma lei natural que sempre existiu. Os pássaros livres voam para o bem do capital que os aprisiona.

No Blog da Boitempo

Quando em 1886 os trabalhadores norte americanos entraram em greve pela jornada de trabalho de oito horas (a jornada média era de 13 horas), descanso semanal e férias remuneradas, mal poderiam imaginar que cento e trinta e oito anos depois, trabalhadores de aplicativo exigiriam o direito de trabalhar doze horas e sem direitos. (mais…)

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O Brasil precisa de uma nova frente de luta! Por Jones Manoel

Não podemos esperar. O fascismo não será derrotado nas instituições do Estado burguês e o neoliberalismo progressista não é uma resposta. É preciso agir, pois é na ação que se faz a vanguarda das lutas e se organiza a nossa classe. É uma tarefa coletiva e inadiável!

No Blog da Boitempo

Derrotamos eleitoralmente o bolsonarismo na eleição presidencial de 2022, mas no plano das eleições legislativas estaduais e nacionais, e nas eleições para governador por todo o país, a extrema-direita saiu fortalecida e não perdeu a iniciativa política. A extrema-direita defende uma radicalização do projeto neoliberal combinado com o fechamento político do regime e uma contrarrevolução na dimensão cultural, dos direitos civis e humanos. A resposta de vastos setores do “campo progressista” é: combinar a gestão do neoliberalismo com manutenção do regime democrático-burguês, defender os direitos humanos e civis e cultivar alguma preocupação “social”. (mais…)

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Intelectuais (novamente) em questão. Por Paulo Fernandes Silveira

Em tempos de redes sociais, o papel dos intelectuais precisa ser colocado novamente em questão

“Tá tudo errado, irmão, então pega a visão”
(Planet Hemp, “Distopia”)

A Terra é Redonda

1.

Em abril de 1994, a revista Magazinne Littéraire publicou parte da correspondência entre Maurice Merleau-Ponty e Jean-Paul Sartre (MERLEAU-PONTY; SARTRE, 1995). Essas cartas evidenciam a razão da ruptura entre os filósofos: uma divergência sobre suas concepções acerca do engajamento intelectual. (mais…)

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Identidades sem rumo. Por Tarso Genro

As identidades políticas da esquerda sequer se fazem pela ideia de reformas sociais democratas de “esquerda”

Em A Terra é Redonda

Parto da constatação, aqui referindo ao livro de Eric Hobsbawm, que não só saímos – nos últimos 30 anos – da “era das revoluções”, como entramos num largo período distópico em que as identidades políticas da esquerda sequer se fazem pela ideia de reformas sociais democratas de “esquerda”, como também derivaram – sem coloração definida – para o restrito campo da utopia democrático-liberal. (mais…)

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Incerteza, um ensaio. Por Eugênio Bucci

Em A Terra é Redonda

O incerto alguém e o dono da máquina

O nosso problema é que a máquina é um fator de incerteza muito maior para você do que você para ela. A maior parte das dúvidas a seu respeito seu smartphone já contabilizou e precificou. Os aplicativos e os algoritmos sabem quase tudo do que está por trás dos seus dedos que digitam e dos seus olhos que se movem de modo atarantado percorrendo cada milímetro quadrado da tela. É por isso que a máquina “adivinha”, no instante mesmo em que você digita o “v”, que você vai escrever “vazio”, ou “valor”, ou “vício”. (mais…)

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Polêmica: Os “identitários” sabem ouvir?

Contraposição a um artigo publicado em Outras Palavras. Antagonismos esvaziados tem efeito colateral: o marxismo desaparece como prática fundamentalmente política – e protagonistas das lutas sociais tornam-se figuras mudas e surdas

por Alex Moraes*, em Outras Palavras

texto de Moysés Pinto Neto, publicado por Outras Palavras no início de março, apresenta-se como um diagnóstico contraposto a outros diagnósticos e aos seus supostos formuladores. Ali, está em jogo o desafio de representar, em termos claros e forjados com linhas divisórias dramáticas, o panorama de uma polêmica na qual incidem o bolsonarismo, a “esquerda liberal racionalista” (acadêmicos progressistas), a “esquerda radical” (influencers comunistas e velhas lideranças marxistas), uma “nova direita fantasiada de esquerda” (nacionalistas econômicos) e as/os protagonistas de um movimento “minoritário” em permanente mutação; movimento que, hoje, confronta-nos com a radicalidade de suas lutas, ancoradas na densa tessitura de filosofias e modos de vida estruturalmente alheios aos regimes de governo promovidos pelo “Deus-Capital-Branco”. No seio dessa polêmica, instala-se um profundo equívoco que organiza os olhares confusos do bloco esquerdista e do bloco bolsonarista: eles só conseguiriam enxergar nas políticas minoritárias o sinal de uma falta identitarista – falta de “luta de classes”, falta de ponderação no tocante a tendências essencialistas, falta, em suma, de radicalismo transversal e vocação majoritária – ou, então, no pior dos casos, o indício de uma insubordinação corpo-política e onto-epistêmica que exige repressão e normalização. (mais…)

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