A pequena política, a grande política e a nossa ambição

A pergunta essencial que se coloca hoje é: o que queremos? Nossa ambição é voltar a governar ou transformar os fundamentos econômico-sociais da ordem capitalista e construir as bases para um Estado dos trabalhadores do campo e das cidades?

Por Mauro Luis Iasi, no Blog da Boitempo

“O que se vê habitualmente é a luta das pequenas ambições
(do próprio [interesse] particular) contra a
grande ambição (que é inseparável do bem coletivo)”.
ANTONIO GRAMSCI

É bastante conhecida entre nós a diferenciação que Antonio Gramsci propõe entre a pequena e a grande política. Para o comunista sardo, a pequena política seria aquela do dia a dia, da intriga, das disputas parlamentares, dos corredores e dos bastidores; enquanto a grande política estaria ligada à fundação e conservação do Estado, à manutenção de determinadas estruturas econômico-sociais ou sua destruição.

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O dia em que Frantz Fanon encontrou um “marxista puro” – ensaio contra o teoricismo. Por Jones Manoel

A questão para o revolucionário é que o direcionamento estratégico, revolucionário, antiburguês, não pode ser uma afirmação bizantina de princípios, mas deve se materializar numa dimensão prático-efetiva em cada momento da luta revolucionária.

No Blog da Boitempo

“A sua maneira de ‘fazer’ filosofia consiste em despender tesouros de inteligência e sutileza para nada mais que ruminar na filosofia. Quanto a mim, trato a filosofia de outro modo, pratico-a, como queria Marx, de acordo com o que ela é. É isto o que julgo ser ‘materialista dialético’.”
LÊNIN, CARTA A GORKI, 7 FEV. 1908

Eu já fui católico por cinco anos. Naquela época, tinha bastante costume de conversar com o padre da minha igreja sobre teologia. Ele me explicava que existe o “Mundo de Deus” e o “Mundo dos Homens”: no primeiro, a alma humana alcança sua plenitude e sua função de fruição eterna no paraíso longe do pecado; no segundo, a alma humana se corrompe a partir das práticas do corpo – sempre tendente ao pecado, à luxuria, à gula, à cobiça, à violência etc. A função do verdadeiro cristão na Terra seria, portanto, se esforçar ao máximo para agir como se estivesse no “Mundo de Deus”, negando na cotidianidade o “Mundo dos Homens” para, assim, conseguir de verdade entrar no reino de Deus.

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Žižek: Bem-vindo à Guerra Civil!

A única forma de realmente derrotar Trump é a esquerda vencer a guerra civil que está sendo travada no interior do Partido Democrata – o nome apropriado dessa “guerra civil”, aliás, é luta de classes.

Por Slavoj Žižek. no blog da Boitempo

Nos últimos dois anos, fui frequentemente indagado por amigos (e por “amigos”) se ainda sustentaria minha preferência por Trump sobre Clinton, ou se agora não admitiria ter cometido terrível equívoco. É fácil adivinhar minha resposta: não apenas refirmo o que disse, como penso que os acontecimentos dos últimos anos confirmaram plenamente minha escolha. Por que?

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O que significa Bolsonaro no poder, por Jessé Souza

Bolsonaro e sua penetração na banda podre das classes populares foi útil para vencer o PT, mas é tão grotesco, asqueroso e primitivo que governar com ele é literalmente impossível

 No Jornal GGN

A eleição de Jair Bolsonaro foi um protesto da população brasileira. Um protesto financiado e produzido pela elite colonizada e sua imprensa venal, mas, ainda assim, um “protesto”. Uma sociedade empobrecida – cheia de desempregados, de miseráveis e violência endêmica, cujas causas, segundo a elite e a grande imprensa que a mantém, é apenas a “corrupção política” – elege o mais nefasto político que os 500 anos de história brasileira já produziu. Segundo a imprensa comprada, a corrupção é, inclusive, culpa do PT e de Lula manipulando a informação e criando uma guerra entre os pobres. Sem compreender o que acontece, a sociedade como um todo é manipulada e passa a agir contra seus melhores interesses.

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O fetichismo e as formas políticas: o Estado burguês na forma burlesca. Por Mauro Luis Iasi

A bizarrice burlesca do governo atual não é uma característica contingente. Ela é a forma necessária do Estado burguês em um momento em que nenhuma racionalidade minimamente séria consegue mais ligar as intensões neoliberais aos resultados obtidos

“Se há um idiota no poder
é porque os que o elegeram
estão bem representados.”
Barão de Itararé

No Blog da Boitempo

Marx estava convencido de que o fetichismo da mercadoria constituía a base real daquilo que Hegel entendia como uma das dimensões da alienação: o estranhamento, esse processo pelo qual as objetivações humanas se distanciam daqueles que as criaram e se voltam contra ele como uma força hostil que os controla.

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A culpa é da esquerda

A culpa é um afeto pouco transformativo. Assim como criticar tornou-se o mesmo que desqualificar e agredir, autocrítica tornou-se sinônimo de admissão de culpa.

Por Christian Ingo Lenz Dunker*, no Blog da Boitempo

Agora que o castelo de areia criado pelo ódio e pela desinformação começa a ser varrido pelas ondas de corrupção e lama que vêm caracterizando as primeiras semanas do governo Bolsonaro, talvez tenha chegado a hora da autocrítica da esquerda. Qual parte lhe cabe nesse latifúndio de miséria, ignorância e regressão? Imagino que vários outros (bem mais qualificados em ciência política e no entendimento de processos institucionais, que efetivamente comandam o chão de fábrica da política) tenham muito mais e melhor a dizer do que eu. Mas aqui vai minha contribuição lateral para esse começo de conversa que teve bons e maus motivos para ser adiada.

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