Boaventura de Sousa Santos: derrota da nova Constituição no Chile é alerta para democratas de todo mundo

Sociólogo português associa campanha no Chile e atentado na Argentina a movimentação de setores da elites incomodados com avanços da democracia e do enfrentamento às desigualdades

Por Paulo Donizetti de Souza, da RBA

O processo eleitoral que levou à rejeição da nova Constituição do Chile é exemplo extremo de manipulação da opinião pública para induzir seu voto. A avaliação é do jurista e sociólogo Boaventura de Sousa Santos, em artigo no site A Terra é Plana. Em seu texto, o professor da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra faz um alerta. Os instrumentos mobilizados para “intoxicar a opinião pública” chilena com falsidades merecem atenção dos democratas do mundo todo. “E muito especialmente dos latino-americanos”, ressalta, Boaventura. (mais…)

Ler Mais

O supremacismo branco, segundo bell hooks

Pensadora vê nesta ideologia a síntese das opressões de raça, gênero e classe. E provoca, em livro recém-lançado no Brasil: antirracismo e feminismo podem ser capturados se, mais que transformar o mundo, buscarem ser reconhecidos*

Por bell hooks, no Outras Palavras

Nos últimos anos, meu trabalho tem se debruçado sobre o papel do amor no combate à dominação. Contemplar os fatores que levam as pessoas a lutar por justiça e a se empenhar em construir uma comunidade me instigou a pensar criticamente sobre o lugar do amor. Não importa se a questão é acabar com o racismo, o machismo, a homofobia ou o elitismo de classe — quando entrevisto pessoas sobre o que as leva a superar o pensamento e a ação dominadores, elas invariavelmente falam de amor, de aprender a aceitar as diferenças em alguém com quem se importam. Falam do enorme desafio de desejar a conexão e a união com alguém radicalmente diferente ou que tenha convicções e opiniões tão distintas que represente uma fonte de estranhamento e conflito, a tal ponto que apenas uma contínua vigilância crítica e cuidadosa pode garantir o contato duradouro. Para muitos desses indivíduos, o que os tem impulsionado na direção do pensamento crítico e da mudança é o envolvimento ativo com movimentos que lutam pelo fim da dominação.

(mais…)

Ler Mais

Nazifascismo: a radicalização burguesa contra a classe trabalhadora

O fascismo, nas suas variadas vertentes, incluindo a nazista, envidencia a guerra existente entre as classes sociais

Articulação Judaica de Esquerda, no Brasil de Fato

Ainda que muitos tentem negá-la ou evitar reconhecê-la, a luta de classes continua sendo o motor da história, por uma questão óbvia: as classes continuam existindo. Não por outra razão, os corpos pobres, em sua maioria negros, jovens da classe trabalhadora, continuam se acumulando sem vida em avenidas e vielas.

(mais…)

Ler Mais

A força contra a razão. Por Valério Arcary

Ninguém lutou mais pela democracia no Brasil do que a esquerda

Em A Terra é Redonda

“Coube sempre o melhor quinhão, a quem mais força teve, e não razão” (Sabedoria popular portuguesa).

A disputa eleitoral de 2022 já começou na mídia comercial expressando uma fração da classe dominante que se posiciona pela defesa de uma terceira via, anti-Lula e anti-Bolsonaro, seja lá quem for. Os principais meios de comunicação atuam, escandalosamente, como um “partido acima dos partidos”. O pretexto, desta vez, para a manipulação dos incautos, foram as recentes eleições na Nicarágua, em que Daniel Ortega foi reeleito para um quarto mandato. Outras incontáveis vezes, nos últimos anos, estes liberais de araque se calaram, em indisfarçável conivência, quando as hordas exasperadas da extrema-direita se lançaram às ruas gritando: “O Brasil não será uma Venezuela” e “Vai para Cuba”.

(mais…)

Ler Mais

O pensamento político do agronegócio. Por Tarso Genro

Os empresários reclamam da ausência de “um projeto de país” quando seus interesses negociais não estão sendo bem tratados pelo sistema de poder que eles mesmos montaram

Em A Terra é Redonda

Alguns dizem que a luta entre as classes se torna supérflua para compreender a história, numa época em que existe a possibilidade de ser manipulado o patrimônio genético da humanidade, convertendo-o em matéria prima para o desenvolvimento do capitalismo. Outros – os mais cansados – dizem que o fim da história já está situado nesta “conversão” do patrimônio biológico em patrimônio capitalista, e que o nosso limite está dado pela própria possibilidade de converter a democracia liberal em democracia “dialógica”, com quem vai controlar aquele capital biológico. Como sou um historicista incorrigível aposto que a política pode tanto socorrer uma ou outra alternativa, bem como direcioná-las para sentidos humanistas e libertários ainda não engendrados.

(mais…)

Ler Mais

(De)formação da consciência no sistema do capital. Por Gilvander Moreira[1]

Cada passo do movimento real é mais importante do que uma dúzia de programas” (MARX [1875], 2012, p. 22, em carta a Wilhelm Bracke). Na sociedade do capital, “mundo antagônico ao humano e à vida” (IASI, 2011, p. 9), e especificamente no capitalismo, sistema histórico atual da sociedade em que vivemos, a sociabilidade é organizada em classes – a dos proprietários dos meios de produção (terra, indústria, fábrica etc.) e do capital financeiro, a dos trabalhadores expropriados da propriedade dos meios de produção – classe trabalhadora e campesinato -, uma pequena burguesia, eufemisticamente chamada de ‘classe média’, classes com interesses antagônicos inconciliáveis. A classe dominante, ao dominar, espolia e superexplora cada vez mais a classe trabalhadora e o campesinato. Acontece assim opressão de classe, o que suscita indignação e desencadeia rebeliões fazendo eclodir a luta de classes, que na sua dinâmica articula os aspectos objetivos e subjetivos que podem caminhar para a formação dos trabalhadores enquanto classe proletariada, não apenas como uma classe explorada da sociedade do capital, mas uma classe que se opõe ao capital e pode se tornar portadora de novas relações sociais para além do capital, em um novo tipo de sociabilidade humana emancipada.

(mais…)

Ler Mais

Nacionalidade e racismo em profunda conexão com o capitalismo

Silvio Almeida escreve sobre “Raça, nação e classe”, de Étienne Balibar e Immanuel Wallerstein, clássico sobre a questão racial que mostra de uma perspectiva dialética como a formação das classes é racialmente orientada ao mesmo tempo em que a constituição das raças é economicamente determinada, tendo a nação como ponto de mediação histórica entre ambas.

Por Silvio Luiz de Almeida*, no Blog da Boitempo

Raça, nação e classe nos oferece uma das mais sofisticadas e radicais análises já feitas acerca da questão racial. A força do livro está na análise estrutural do racismo, o que significa dizer que, para além dos diferentes contextos históricos e das diferenças culturais em que a “raça” se manifesta, há um esforço para que questões identitárias saiam da flutuação ideológica e sejam conectadas com o processo de reprodução da sociabilidade capitalista, com seus conflitos, seus antagonismos e suas permanentes crises.

(mais…)

Ler Mais