Ganhadora do Jabuti, freira trabalhou como educadora no sertão durante anos de chumbo
Por Guilherme Freitas, em O Globo
RIO – Nos anos 1970, a freira Maria Valéria Rezende, nascida em Santos (SP), instalou-se em Caraibeiras (PE), povoado sertanejo tão isolado que a única construção numa estrada de acesso era uma palhoça chamada Hotel do Deserto. Seguidora das ideias de Paulo Freire, ela chegou à cidade durante a ditadura para se dedicar à educação popular, trabalho que a ocupou por toda a vida. A experiência dos anos de chumbo serviu de base para seu novo romance: “Outros cantos” (Alfaguara), o primeiro lançamento da autora após o sucesso de “Quarenta dias” (Alfaguara), que no fim de 2015 ganhou os Jabutis de melhor romance e livro do ano de ficção. Como a obra premiada, ambientada na periferia de Porto Alegre, “Outros cantos” joga luz sobre os excluídos, desta vez no sertão pernambucano. A protagonista é uma educadora que, numa viagem de ônibus pelo Nordeste, recorda seu trabalho durante a ditadura no povoado fictício de Olho d’Água, inspirado em Caraibeiras. (mais…)