Documentos entregues pelos indígenas também serão analisados. Eles ocupam sede da Funai no município do Amazonas há 11 dias
MANAUS – Há 11 dias um grupo de mais de 100 indígenas, de várias etnias, ocupam a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros da capital), noAmazonas. Eles querem a saída do coordenador da Bruno Pereira, e a eleição de um indígena para o cargo, medidas para coibir conflitos entre etnias recente contato e melhores condições de infraestrutura para a atuação do órgão no Vale do Javari. Além disso, as lideranças também reivindicam transparência na demarcação de terras.
Na última quarta-feira (27), foi realizada uma reunião entre o Ministério Público Federal (MPF), com presença da Polícia Federal, e lideranças indígenas Matis, Marubo, Mayoruna e Kanamary. O encontro aconteceu na Câmara Municipal de Atalaia do Norte.
Durante a reunião, o Procurador da República Ramon Amaral, que atua na unidade de Tabatinga ressaltou que uma de suas missões é a defesa dos interesses indígenas, e que considera legítima a ocupação dos Matis que buscam uma melhor gestão na Funai.
No entanto, ele deixou claro que não é competência do Ministério Público nomear ou exonerar servidores do órgão. O procurador também garantiu que as reclamações serão apuradas e os documentos entregues pelos indígenas serão analisados por meio de um inquérito civil que será instaurado.
Após a reunião, as lideranças voltaram para o prédio da coordenação regional da Funai no município. De acordo com o correspondente da Agência Brasil na região, Nailson Tenazor, os indígenas permanecem no local até que seja resolvido o impasse sobre a substituição de Bruno Pereira.
Carta
No dia seguinte ao início da ocupação, as lideranças indígenas publicaram uma carta dirigida ao presidente da Funai, João Pedro Gonçalves. Em resposta, a direção do órgão publicou em seu site uma nota onde se diz surpresa com as colocações dos indígenas.
“A Direção da Funai se declara, primeiramente, surpresa, tendo em vista o diálogo aberto que vem mantendo com os Matis e os demais povos indígenas do Vale do Javari, com a finalidade de encontrar soluções pacíficas para as reivindicações apresentadas pelos povos da região”, diz o texto.
Entre outras considerações, a Funai afirma uma possível substituição do coordenador local não deva ocorrer diante da ocupação do prédio. A Funai também diz que há previsão de uma reunião com lideranças indígenas do Vale do Javari em fevereiro.
A reportagem do Portal Amazônia tentou contato, por telefone, com as lideranças que participam da ocupação, mas não obteve sucesso.
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Reunião entre MPF-AM e lideranças indígenas em Atalaia do Norte. Foto: Divulgação/MPF-AM.