Nota Pública dos povos indígenas presentes na ocupação da Funai de Atalaia do Norte

Nós povos indígenas presentes na mobilização na sede da FUNAI de Atalaia do Norte, repudiamos o não atendimento das nossas reivindicações pelo Presidente da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, até a presente data, nem se quer entrou em contato conosco, usando suas artimanhas politica antiga manjada do governo (FUNAI), alegando que a mobilização do povo Matís está sendo manipulado pelos indígenas (Jorge Marubo, Clovis Marubo, Manoel Chorimpa e Darcy Marubo), argumento inverídico apenas para não atender a reivindicação dos povos indígenas, apresentado por Bruno Pereira Cunha – Coordenador da CR do Vale do Javari. Informações que estamos recebendo pelos próprios indígenas que estão mantendo o contato com o mesmo (Bruno Pereira), dizendo que “se o Jorge Marubo, Clovis Marubo, Manoel Chorimpa e Darcy Marubo estiverem envolvidos na mobilização na sede da FUNAI ocupada não serão atendidos pelo Presidente da FUNAI”.

O Presidente da FUNAI e seus assessores como Carlos Travasso – Coordenador de Departamento de Índios Isolados e Walter Coutinho – Diretor de Proteção Territorial que são conhecedores da nossa realidade, que deveria nos ouvir e atender as nossas reivindicações, ao contrario do que os mesmos afirmam que o Bruno está desenvolvendo o bom trabalho no Vale do Javari, e trocando Bruno não resolve problema no Javari. Esta afirmação nos traz uma grande revolta e insatisfação total, diante do descaso e abandono que estamos vivenciando nas nossas aldeias. Aprova deste abandono, os Matis tiveram que sair das suas aldeias e parti para ocupação em busca de solução dos seus problemas.

O Coordenador da FUNAI Bruno Cunha Araujo Pereira, não gosta dos parentes (Jorge Marubo, Clovis Marubo, Manoel Chorimpa e Darcy Marubo), porque os mesmos mostram o que é certo ou errado para todas as aldeias do Vale do Javari, sobre a real situação de abandono por parte da FUNAI na nossa região, isso não é manipular, mas sim, orientar, considerando que a maioria dos indígenas tem dificuldade de expressar em língua portuguesa. Esses dirigentes não respeitam os nossos princípios de luta, não considerando que a UNIVAJA é organização oficial dos povos indígenas do Vale do Javari. E dizem da mobilização “só tem Matís, não tem Marúbo, não tem Mayuruna e não tem Kanamary” como não fosse índio? A FUNAI deveria ajudar muito o Povo Matís porque foi a FUNAI que fez contato e depois os abandonou.

Consideramos os nomes dos parentes citados acima, que se não fosse esses heróis, militantes do movimento indígena, a FUNAI continuaria usando índios como estão fazendo com os Matis de calar a boca e decidir tudo como querem submetendo suas ideias de goelas abaixo, e continuarem usando mão de obra indígena que eles não sabem o salario que ganham na fiscalização e interpretação da língua junto aos Korubo, colocando em risco a vida dos nossos parentes Matís na fiscalização.

Um dos principais revolta dos indígenas contra o Bruno Pereira é falta de transparência na gestão da FUNAI. O coordenador da FUNAI nunca se interessou em criar Comitê Gestor para inibir a participação dos indígenas na gestão do órgão, bem como elaboração de planejamento de atividades e definição de orçamento por programas. Que é obrigado conforme decreto de reestruturação da FUNAI, cada coordenação criar um comitê gestor para garantir a participação efetivar dos indígenas na gestão da FUNAI, o que nunca aconteceu. A FUNAI em parceria com CTI, também vem realizando reuniões isoladas junto à BNDS…. sem a participação dos indígenas de um projeto de grande importância para o Vale do Javari que deveria ter ampla discussão e divulgação como serão destinado os recursos. Mas, só falam que os recursos serão destinado aos índios isolados, o que dar a entender que os povos indígenas isolados se tornou mercado para esses servidores se manterem com diárias e salários, enquanto a mão de obra dos índios “ajuda de custo” é muito invisível para seus povos. Isso, porque não se sabe os investimentos que estão sendo feitos com esse projeto através do BNDES. Precisa que a FUNAI explique aos povos indígenas do Vale do Javari.

Nessa CR os servidores não tem oportunidade e estão trabalhando sub clima de incerteza e insegurança, é como estão esvaziando pedindo para irem embora que poderiam dar mais dinâmica às atividades aos mesmos. Tudo isso são empecilhos desnecessários e até propositais que, somados a situação, que vai piorar para os povos indígenas do Vale do Javari, é como manifestando o nosso descontentamento no que se refere à realidade que enfrentamos com atual coordenador Sr. Bruno Cunha Araújo Pereira. Esse não está dentro da vocação apresentada, que não tem mínima vocação e perfil para trabalhar com indígena, criando dessa maneira e atuando de forma ditatorial, querendo mandar nos índios e tratando-os como se fossem animais, não conhece a cultura indígena, usando argumento que o índio não manda na FUNAI e que vai ser do seu jeito, a sua coordenação.

O mesmo não conseguiu nem desenvolver o projeto de etnodesenvolvimento, com isso vem perdendo credibilidade junto às comunidades indígenas, que não é mais permitida a sua permanência porque está criando intriga e dividindo os índios, que no futuro, causará prejuízo à coordenação, pela qual não queremos mais a sua permanência na coordenação em Atalaia do Norte. Ele não tem espirito de indigenista, seu comportamento é muito arrogante e arcaico, manipulador, não respeita as lideranças das organizações, alega “índios de cidade, já acabou o tempo da vaca gorda” e “só os Marúbo” “Marúbo problemáticas”, expressando de forma discriminatória e difamando lideranças militantes do movimento indígena sem conhecer a nossa luta histórica. Assim, já perdeu seu controle.

O mais grave foi que ele jogou os Mayuruna de encontro com os Marúbo, conflitando a ideia da duas etnia na conferência local na aldeia flores, sabendo que as duas etnias tem historia de confronto no passado, e hoje está usando uma lideranças Kanamary. É assim vem dividindo nossos povos, não respeitando os nossos princípios, como não fossemos todos indígenas da mesma terra indígena. Temos como o exemplo, nesta mobilização, para confrontar com as lideranças presentes, pela imposição e a persistência do Bruno Cunha Pereira em Atalaia do Norte.

Quando ocorreu conflito entre Kurubo com os Matis no dia 05 de Dezembro de 2014, o bruno de forma desrespeitosa, tentou embarcar no helicóptero da SESAI na ocasião da retirada dos profissionais de saúde do DSEI no local do conflito, alegando que iria resolver o problema e que não tinha medo dos Matís, confiando na arma que ele portava, pensando intimidar os Matís. Outra grave situação do coordenador, foi a tentativa de intimidar aos Matís usando força policial e exército. Em saber disso, os Matís se prepararam para enfrentamento, o que levou aos Matís prenderem o Fabrício Amorin – servidor da FEEAVJ.

Com intenção de assegurar no cargo, o coordenador da FUNAI Bruno Pereira, mesmo após ser expulso da sede, continua manipulando alguns indígenas para se manter no cargo, como é o exemplo, do Adelson da Silva Saldanha Kanamary ex-coordenador do CTL da FUNAI do Médio Rio Curuçá, que escreveu uma Nota em nome da Associação do Povo Kanamary – AKAVAJA, contra a mobilização dos indígenas na sede da FUNAI, sendo que os coordenadores da diretoria da AKAVAJA se encontra nas aldeias. O Adelson Saldanha Kanamary (Kurá), no dia 19 de Janeiro de 2016, no primeiro dia da ocupação na sede da FUNAI, ele coordenou a mesa da reunião da mobilização, fez um discurso em nome do povo Kanamary a favor da mobilização, e em favor da troca do coordenador por um indígena. Ainda se apresentou como membro suplente do CNPI para dialogar entre a FUNAI e os indígenas, conforme as fotografias e vídeos da equipe da mobilização como prova que será divulgada. No dia seguinte, o Adelson Kanamary (Kurá), compareceu no local da mobilização apenas pela manha, estranhamente não compareceu e nem acompanhou mais a mobilização. Alguns dias depois, o Adelson Kanamary (Kurá) divulgou uma nota em nome da AKAVAJA, contra a mobilização, contrariando seu próprio discurso no primeiro dia da ocupação na sede da FUNAI, demonstrando claramente que está sendo manipulado.

Esta nota tem como objetivo esclarecer publicamente que a mobilização do povo Matis não aconteceu por motivação ou manipulação de terceiros, foi articulada de forma organizada, pensada e discutida, consultando todas as aldeias indígenas do Vale do Javari entre os dias 11 a 15 de Janeiro de 2016, se algumas comunidades ou etnias seriam contra ou favor da mobilização do povo Matis na sede da FUNAI, quando todas as aldeias e etnias posicionaram a favor da ocupação, com exceção o Raimundo Mean Mayuruna, único indígena que foi contra no momento da consulta, logo depois entendeu a importância da mobilização, apoiando o movimento do povo Matis.

Diante da situação em questão, nós povos indígenas presentes na mobilização na sede da FUNAI em Atalaia do Norte, repudiamos atitudes da FUNAI em nos considerar incapazes de mobilizar, articular, organizar um movimento para reivindicar os nossos direitos, chamando-nos de manipulados, como se fossemos animais irracionais. Atitudes antigas do governo para nos dividir e sempre manter-nos como miseráveis, em vez de desenvolver uma ação de politicas sociais voltada para sustentabilidade das nossas aldeias.

Também repudiamos o preconceito dos dirigentes da FUNAI contra nossos parentes Jorge Marubo, Darcy Marubo, Manoel Chorimpa e Clovis Marubo, onde a FUNAI continua com pensamento arcaico, “o índio não pensa”, o governo tem que pensa ou fazer por índio. Por fim, pedimos respeito pelas nossas lideranças militantes do movimento indígena e atendimento das nossas reivindicações com maior brevidade possível. Caso não sermos atendidos, levaremos aos problemas do Vale do Javari para o conhecimento das autoridades competentes nacionais e internacionais.

Atalaia do Norte, 26 de Janeiro de 2016.

Abaixo assinamos.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Janete Melo.

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