Por uma eleição em que marqueteiros não sejam os protagonistas, por Leonardo Sakamoto

Blog do Sakamoto

Em dias de marqueteiro preso, me peguei sonhando com uma campanha presidencial em que eles não sejam mais as figuras centrais, mas sim o debate das pautas de interesse público.

Uma campanha que não contasse com malabarismos de imagens, sons e edição, relatando mentiras sensacionais ou encobrindo fatos, de forma gloriosa e cintilante, para os eleitores. Campanhas com mais saliva dos candidatos e menos efeitos especiais.

No segundo turno das eleições presidenciais de 2014, era impossível saber o que era ficção e o que era realidade de ambos os lados da disputa. E com a guerra suja sendo travada nas redes sociais, qualquer verdade sobrevivente resgatada pela imprensa ou sociedade civil automaticamente sofria bombardeio das campanhas, de seus robôs e da parcela de simpatizantes que, mordidos pelos marqueteiros e despidos de senso crítico, tornaram-se zumbis.

Torço para que o fim do financiamento empresarial de campanhas eleitorais torne impossível contratar marqueteiros que custam R$ 150 milhões.

Pois se o candidato ou candidata não forem fenômenos de arrecadação de pessoas físicas, será muito difícil justificar de onde veio tanto recurso para ter um campanha com nível de show internacional. E bastará uma olhada entre o nível da produção e a quantidade de doações para fazer com que alguém se torne alvo de investigação por caixa 2 do Ministério Público Federal.

O fim do financiamento empresarial para todos os partidos pode colocar um ponto final nesse processo que se retroalimenta. “Ah, a campanha do meu adversário está usando hologramas e realidades virtual 3D na campanha, então preciso ir além e escrever meu nome no céu das principais capitais com sal rosa do Himalaia.”

Um lado alimenta a loucura do outro em uma competição em que centenas de milhões são gastos, muita gente de comunicação fica rica, empresas garantem facilidades futuras e ideias que não contam com apoio econômico são ignoradas.

Ou seja, quem mais perde hoje é quem deveria ganhar com eleições livres: a democracia.

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