StoraEnso e Fíbria comandam despejo de 307 famílias em áreas devolutas, na Bahia

Por Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/BA – CEPEDES

No dia internacional da mulher, 307 famílias sem terra, da Associação 2 de julho, Associação Nova Vitória, também conhecidos por “filhos do produzir”, e Associação São Domingos, foram despejadas de uma área ocupada em 04 de agosto de 2009 no município de Eunápolis. De acordo com a Ação de Reintegração de posse, impetrado pela Veracel Celulose, as famílias “vem praticando de forma reiterada, atos de esbulho, turbação e ameaça” como incêndios em áreas de preservação permanente, e promove o desequilíbrio ecológico.

Inacreditável, verificar esse argumento visto que a empresa é sem dúvida a maior responsável pelo desmatamento nesta região. Tanto que de acordo com a ação civil número 2006.33.10.005010-81 condenou a empresa em 2008 pela Justiça Federal, exatamente por desmatamento em área de Mata Atlântica. Além de desmatamento a empresa foi multada em 2008 por impedir a regeneração de 1.200 hectares de Mata, em estado de regeneração e autuada pelo Ibama por jogar herbicida glifosato em área de preservação permanente.

Além de ser a maior proprietária de terras da Bahia, StoraEnso e Fíbria é responsável pela violência e conflitos de todas as ordens. Centenas de famílias estão destinadas a viver mendigando já que estão impedidas de acesso a terra, de onde muitas famílias foram expulsas. A falta de terra para assentar famílias sem terra está ligada diretamente a alta quantidade de terra nas mãos de Veracel Celulose:

Embora afirme ser uma empresa brasileira, a Veracel Celulose S.A. é, de fato, a maior empresa estrangeira proprietária de terras na Bahia, controlando 204.000 Hectares, segundo cadastro mantido pelo INCRA. [órgão responsável por terras no Brasil]. Ela possui mais de um terço no município de Santa Cruz de Cabrália – cerca de 56.000 hectares – e é dona de 48.000 dos 119.000 hectares de terras em Eunápolis. (LERRER,2013)2

Além disso, os irmãos Geraldo e Derolino Pereira dos Santos, pequenos proprietários, cujas terras foram griladas por Veracel, e hoje tentam na justiça, recuperar sua terra3, também foram despejados. Com lágrimas nos olhos assistiram as máquinas entrando e destruindo as roças que há cinco anos estiveram trabalhando arduamente.

No acampamento 2 de julho, onde vivem 189 famílias, desde o dia 08 de março, estão de plantão 02 viaturas da polícia militar e 03 viaturas da CAEMA, além da segurança privada da empresa, a Visel. Os barracos estão sendo destruídos de motosserra e os pertences das famílias jogados na estrada, por empresas prestadoras de serviço como a Trevo e KTM.

Imagem: Reprodução do CEPEDES.

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