Por Roberto Malvezzi (Gogó), no Correio da Cidadania
Os 37 milhões de brasileiros que nas últimas eleições optaram por ninguém – brancos, nulos e abstenções – terão a companhia de muitos outros brasileiros nas próximas eleições.
Hegel, em sua obra “Filosofia da História”, dizia que a história só acontecia acima do Equador, já que ao sul os povos eram incapazes de inventar o Estado, para ele a criação suprema do espírito humano.
Temos um Estado, mas, dois séculos depois, temos ainda que lhe dar alguma razão.
O Brasil de 2016 revela-se instável, com instituições pusilânimes e um parlamento que se assemelha a um presídio de segurança máxima. Joga fora sua credibilidade – se é que tinha – para demandar espaços nas instituições internacionais como o Conselho de Segurança da ONU.
Virou piada até na mídia conservadora internacional. Como disse um embaixador brasileiro na França no século passado – frase falsamente atribuída a De Gaulle -, “esse não é um país sério”.
Essa semana desce a rampa a confiança no voto, nos meios pacíficos para resolver os problemas de uma nação, na justiça e na democracia. Por consequência, sobe nosso desencanto com a política e a democracia.
Como disse um insuspeito deputado, agora afastado: “que Deus tenha misericórdia dessa nação”.