Polícia é polícia, em qualquer parte? “Berço do Iluminismo”…

Um vídeo revolta os franceses. Policiais “anti-terror” humilham um imigrante negro com três membros amputados

No Outras Palavras

Uma cena brutal chocou, nesta semana, os franceses — e permite especular sobre o que estará levando os corpos policiais a se tornarem, em todo o mundo, cada vez mais violentos e hostis. Três policiais que executavam vigilância “anti-terror” nos trens metropolitanos deixaram seminu o imigrante africano François Bayga, retiraram as próteses que substituem suas duas pernas amputadas e o abandonaram sem elas, numa plataforma de estação. Detalhe: Bayga também tem um braço amputado.

A humilhação tornou-se públicas graças ao jornalismo cidadão. Outro africano, Jean-Didier Bakekolo, que presenciou os fatos, advertiu os policiais e pediu-lhes que ajudassem Bayga. Como não lhe deram ouvidos, registrou a cena no vídeo abaixo, que já tem centenas de milhares de visualizações. São acompanhadas de comentários como “Vergonha da França” e “Que ultraje!”.

Entrevistado por diversos meios, mais tarde, Bayga contou que foi abordado num vagão. Solicitado, ofereceu seus documentos. Explicou que não está em situação ilegal: aguarda visto de permanência definitiva na França. Os policiais disseram desconfiar que seu celular era roubado. Despiram sua calça, obrigaram-no a retirar as próteses e simplesmente o abandonaram.

As agressões praticadas pela polícia francesa parecem ter se acentuado desde a decretação de Estado de Emergência, em novembro, após os atentados do ISIS que deixaram centenas de mortos em Paris. Decretada a pretexto de evitar atos de terror, a medida tem servido, porém, para reprimir mais duramente ações de dissidência política — como as manifestações dos sindicatos em defesa de direitos trabalhistas ameaçados e a ocupação, por jovens, da Praça da República de Paris, no movimento Noites Despertas (Nuits Debord).

Mas a revolta social também cresce. Esta semana, o sindicato dos policiais queixou-se de que seus membros têm sido recebidos, pela população, com atitudes que considera “hostis”. Mais de trezentos policiais, diz a entidade, teriam sido feridos nestes atos de protesto individual.

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