Por Mayron Borges
Vira e mexe o nome dessa comunidade vinha à baila. Santa Maria como nome de comunidade é bastante comum. A Santa Maria deste texto pertence ao município de Urbano Santos, Baixo Parnaíba maranhense. José Antonio, funcionário do STTR, escreveu sobre essa comunidade diversas vezes. Ele delineou em seus artigos o que mais despertou sua atenção.
A Santa Maria de Urbano Santos é uma comunidade quilombola. Isso quer dizer que os avós dos atuais moradores viviam sob o domínio de algum proprietário de terra. Pediam-lhe permissão para qualquer coisa. Destinavam a ele parte de suas produções. A farinha e coco babaçu. Não importava ao proprietário o quanto eles tinham produzido de farinha e quanto eles tinham quebrado de coco babaçu. Importava que recebesse a sua parte. Tanto a farinha de mandioca como o coco babaçu e seus subprodutos resultavam do aproveitamento econômico das partes baixas do relevo.
Havia uma parte alta. A Chapada. Ela era de pouca valia para os agricultores. O máximo que a Chapada lhes proporcionava: o bacuri e o pequi. Ninguém comprava bacuri e pequi. Os agricultores ajuntavam uma quantidade para se alimentarem e o restante se estragava sobre o chão.
E quando menos se esperava, eis que Santa Maria surge. Não a comunidade, e sim a Chapada. Totalmente desmatada. Os antigos proprietários ou seus herdeiros venderam-na para empresários que nela plantaram soja e eucalipto. Isso reduziu e muito a qualidade de vida dos agricultores. No primeiro momento, eles não se deram conta dos malefícios que os desmatamentos e os plantios de eucalipto trouxeram para a comunidade e para o meio ambiente.
Com o passar do tempo, essa percepção mudou. Mudou tanto que os moradores, que se reconhecem como quilombolas, querem que o Incra desaproprie os mais de dois mil hectares da propriedade original. Outra coisa: eles não aceitam mais que alguém de fora compre terrenos na comunidade.