Projeto da Castanha do Brasil na TI Jacamim conclui etapa com oficina sobre economia solidária e desenvolvimento sustentável

Por CIR

O projeto de desenvolvimento sustentável dos povos indígenas de Roraima executado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) realizou mais uma etapa na Terra Indígena Jacamim, região da Serra da Lua, município de Bonfim. A etapa contemplou a realização da 4ª Oficina com o tema “Arranjo Institucional sobre Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável”, nos dias 31 de maio e 1 de junho, na comunidade indígena Jacamim, TI Jacamim.

Com o foco do projeto voltado para o manejo e beneficiamento da Castanha do Brasil, principal potencial produtivo da terra indígena, a atividade reuniu os coletores de castanha, incluindo, mulheres e jovens, além de outros membros comunitários que participaram da atividade, um total de 50 participantes. São 27 coletores indígenas, porém, pela dificuldade de transporte e período chuvoso na região, somente 14 participaram da Oficina.

Nos dois dias de atividade, foram realizados debates e mesas de diálogos com as instituições públicas que atuam na promoção de políticas públicas na área de produção sustentável e outros incentivos.

Com a mediação do coordenador do projeto de desenvolvimento sustentável, Edinho Batista e da coordenadora do departamento Ambiental e Territorial do CIR, Sineia Bezerra do Vale, o primeiro dia foi concluído com a atividade voltada especificamente aos coletores indígenas.

Houve a apresentação do breve histórico da construção do Projeto da Castanha do Brasil, iniciado a partir do Estudo de Caso realizado em 2011, e em seguida, a construção do Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Jacamim (PGTA), ações que foram fundamentais para a continuidade de um projeto iniciado há mais de 20 anos na TI Jacamim.

Tendo como referência a experiência de produção do povo indígena Wai-Wai, o coordenador do grupo de coletores e liderança tradicional, Basílio Cipriano da Silva, reafirmou a interesse do grupo de continuar com o projeto. “Nós temos interesse de continuar com o projeto, mas dessa vez teremos que trabalhar na coleta, assim como fazem os parentes na terra indígena Wai-Wai, porque nós temos o nosso potencial que há muito tempo já trabalhamos na coleta e agora, queremos melhorar o trabalho”.

Para socializar a experiência de produção e criação de associação produtiva, a Oficina contou também com a presença do presidente da Associação dos Produtores Indígenas de Tabalascada(APIT), Wagner da Silva, da comunidade indígena Tabalascada, região da Serra da Lua. “Apesar de ter sido difícil no início, mas nós criamos a nossa associação e hoje, conseguiu acessar os programas do governo federal, fazendo a parceria com a CONAB, para a comercialização dos nossos produtos, melancia, feijão e outros produtos”, contribuiu Wagner.

O segundo dia, 1, a Oficina contou com a presença dos representantes das instituições, Francinete Raposo, do Ministério do Desenvolvimento Agrário(MDA), Marcelo Oliveira, Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento(SEAPA), Riley Barbosa Mendes, coordenador substituto da FUNAI/RR, Zelia Mar, superintendente da Companhia Nacional de Abastecimento(CONAB), Matthieu Jean, coordenador regional do Instituo Socioambiental(ISA), Mario Nicacio, coordenador geral do Conselho Indígena de Roraima(CIR), além do coordenador regional da Serra da Lua, Simeão Messias.

O coordenador geral do CIR e atual coordenador do Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial das Terras Indígenas (PNGATI) Mario Nicacio fez um panorama da situação atual no Brasil, abordando contextos na área da saúde, educação, política indigenista, entre outros, também passando por situações críticas, porém, considerou que a iniciativa da produção da Castanha na área produtiva é vista como positiva, já que os parceiros institucionais demonstraram interesse de contribuir para a implementação do projeto. “O projeto da Castanha é uma implementação do PGTA, e isso possibilita a criação de outros grupos, no caso, dos coletores de castanha, pois, assim como tempos os agentes indígenas de saúde, professores, também podemos ter o grupo de coletores, para fortalecer o trabalho nas comunidades indígena e assim, fazer a gestão da terra”, frisou o coordenador.

Riley Barbosa Mendes, há dois anos como coordenador substituo da Funai/RR garantiu que apesar das dificuldades que o único órgão indigenista está passando, dará apoio na continuidade do projeto. “Apesar das nossas dificuldades, mas a Funai dará apoio naquilo que for necessário no projeto buscando fortalecer a parceria tanto com a comunidade quanto as instituições públicas”.

Para a continuidade do projeto, no encerramento houve a pactuação entre as instituições e os coletores com os seguintes encaminhamentos: capacitação para formação de cooperativa( mesmo que a decisão não seja a criação de uma cooperativa), informação e orientação sobre os critérios de acesso ao DAP(Declaração de Aptidão ao Pronaf); capacitação sobre a gestão dos equipamentos; logística (transporte); capacitação de esclarecimento sobre os programas do Governo federal; intercambio com outras experiências sobre o manejo e beneficiamento da Castanha do Brasil; oficina de manuseio de equipamentos; continuidade do projeto e outros encaminhamentos referente ao projeto da Castanha do Brasil na TI Jacamim.

No encerramento houve também a entrega dos certificados aos coletores de castanha, participantes e monitores da oficina, além da dança do parixara.

Como dito pelos coletores e lideranças indígenas, o potencial da produção da Castanha do Brasil tem na Terra Indígena Jacamim, mas o manejo e beneficiamento é o maior desafio. Um desafio que coletivamente decidiram enfrentar.

Fotos: Mayra Wapichana

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