Caetité pede o fim da mineração de urânio no Dia Internacional do Meio Ambiente

por Articulação Antinuclear BR

No último domingo, dia internacional do meio ambiente, o Movimento Paulo Jackson, Comissão Paroquial do Meio Ambiente e SindMine realizaram panfletagem sobre os impactos da mineração e instalação da INB (Indústrias Nucleares do Brasil) com a população dos municípios de Lagoa Real e Caetité.

A panfletagem aconteceu na vaquejada de Lagoa Real e na catedral de Caetité. No material distribuído são denunciadas as contaminações diagnosticadas pelo engenheiro nuclear francês Bruno Chareyron nas comunidades de Tamanduá, Riacho da Vaca, Pega Bem, Juazeiro, Mangabeira e Gameleira, no entorno da mina.

Em agosto do ano passado o jornal Estado de São Paulo divulgou a contaminação de um poço artesiano por urânio em Lagoa Real. Após a denúncia, o Inema, órgão ambiental estadual na Bahia, realizou novos testes e descobriu três poços contaminados e mais três com os níveis no limite do que é considerado saudável.

A contaminação acontece no ar também, pesquisa da Fiocruz mostra o aumento de doenças, causadas por radiação ionizante na área de influência da INB. Pesquisa de oncologistas paulistas revela que o câncer de pulmão é 19 vezes mais alto em Caetité do que no resto da Bahia. A região de influência da mina de urânio tem uma concentração de radônio e radioatividade no ar dezenas de vezes mais alta do que o indicado pela Organização Mundial da Saúde. Os pesquisadores relacionam a doença com a mineração de urânio.

Além disso, que já seria ruim o suficiente, pesam contra a INB inúmeras denúncias violações de direitos das comunidades no entorno da mina de urânio: desde impedir o acesso de moradores à poços, falta de de diálogo com a sociedade civil e poder público local, até denúncias de corrupção.

A sociedade civil local de Caetité se organiza e pede o fim da mineração de urânio e reparação dos danos socioambientais.

Imagem: Reprodução de Articulação Antinuclear BR

Comments (2)

  1. Será que minas como essa na Alemanha, Japão e EUA provocam tais problemas? É uma questão de tecnologia ou de omissão dos poderes públicos? Enfim, a sociedade não pode pagar com a saúde, com a vida, com a degradação do meio-ambiente em troca da geração de alguns empregos e da arrecadação em favor do erário. MP – seja federal ou estadual – devem pronunciar-se, assim como a assembléia legislativa, a câmara municipal dos citados municípios.

  2. Será que uma mina como essa, na Alemanha, nos EUA e no Japão poluem dessa forma? É uma questão de tecnologia ou omissão dos órgãos públicos? O governo da Bahia está obrigado a publicar uma nota, imediatamente, esclarecendo o que está ocorrendo. Empregos e impostos fazem bem à sociedade – em princípio – no entanto as comunidades que acolhem tais empreendimentos não podem pagar o preço com danos à saúde, com a vida e a degradação do meio-ambiente. O Ministério Público também deve um pronunciamento sobre o fato, assim como a assembléia legislativa tem o dever e a obrigação de investigar a fundo a questão em pauta.

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