A votação da abertura do processo de impeachment foi a ingestão de uma dose cavalar de morfina para muitos que saíram às ruas a fim de pedir o fim da corrupção, que é uma reivindicação mais do que justa.
Mas, agora, anestesiados, voltam à sua vida normal acreditando terem cumprido seu dever cívico quando apenas puxou-se apenas a ponta do novelo de lã.
Muitos não se importam – ou fingem não se importar – com as sucessivas e bizarras manobras para tentar livrar o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha da cassação de seu mandato.
E os deputados federais não mais recebem ligações de cidadãos escandalizados pedindo para que votem contra a corrupção. Claro que qualquer morsa saudável sabia que isso aconteceria. O que espanta é que o silêncio que se fez é abissal.
As teorias da conspiração dizem que há uma acordão para livra-lo da guilhotina por conta dos serviços prestados, valores doados, segredos guardados.
Particularmente, prefiro acreditar que Eduardo Cunha é o que centenas de deputados federais realmente acreditam terem de melhor. Aquilo que eles realmente querem ser quando crescerem.
Em uma terra onde imperasse a razão e onde a ética fosse um pré-requisito para a vida pública, quem votasse por sua absolvição não seria eleito para mais nenhum cargo público.
Essa terra não é aqui.
Por quê?
Porque o poder político não quer um povo consciente
Porque o poder econômico é quem elege ao final de contas.
Porque temos um Congresso com centenas de desqualificados para a função.
Porque aquela faixa presa em uma grade tinha razão afinal.