Atingidos por Belo Monte fazem jornada de lutas por direitos

No MAB

Nesta terça e quarta-feira (28 e 29 de junho) os atingidos por Belo Monte organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fizeram protestos para exigir da Norte Energia, dona da barragem, que garanta os direitos dos atingidos. Os manifestantes denunciam que Belo Monte já está gerando energia, mas ainda há direitos elementares – como moradia e água, que não foram garantidos em sua plenitude.

Na terça-feira, famílias que foram expulsas das áreas alagadas em Altamira e transferidas para os loteamentos construídos sob responsabilidade do consórcio foram ao escritório da empresa em Altamira apresentar sua pauta de reivindicações e denunciar que as condicionantes não estão sendo cumpridas. A principal reclamação é com relação ao fornecimento de água.

Os moradores denunciam que os cincos loteamentos chamados pela empresa de “reassentamentos urbanos coletivos” (RUCs) passam dias sem água.  Após denúncia do MAB em audiência púbica sobre o tema na Câmara dos Vereadores, a Norte Energia foi obrigada pela Justiça a fornecer água potável para mais de 20 mil atingidos que estão morando nessas comunidades. No entanto, ela não vem cumprindo com a determinação. É responsabilidade dela construir o sistema de abastecimento.

Fátima, moradora do RUC Água Azul, denuncia que a água que seria para abastecimento das famílias da comunidade está sendo retirada pela Norte Energia para outros bairros. De acordo com Edizângela Barros, militante do MAB e moradora do RUC Jatobá, a empresa prometeu que haveria qualidade de vida nos reassentamentos, no entanto, os atingidos estão sem água, tendo que pagar uma alta conta de energia, e sem direito à cidade, já que os RUCs são distantes e seus acessos são precários. Com a manifestação, a coordenação do Movimento foi recebida pela empresa, que se comprometeu a dialogar sobre a pauta de reivindicações.

Atingidos não reconhecidos

Já nesta quarta-feira (29), o protesto foi protagonizado pelas famílias moradoras do bairro Independente 1 de Altamira, onde a empresa não reconhece que haja impactos da barragem. São cerca de 500 famílias que vivem em área permanentemente alagada após o fechamento do reservatório da barragem, em área sem acesso à água e saneamento (embora fosse obrigação da Norte Energia construir o sistema para toda a cidade de Altamira). Como o próprio Ibama já reconheceu, há uma elevação no lençol freático no local.  Apesar dos relatos da comunidade relacionando o alagamento à barragem, a Norte Energia até o momento se recusa a reconhecer as famílias como atingidas e garantir o direito da comunidade ao reassentamento.

“Para nós está claro que existe um impacto, pois quando fiz o poço de casa, cavei quatro metros para chegar na água e, agora, ele está com menos de um metro, sem contar famílias que estão com a água transbordado dos poços e infiltrando até dentro das casas”, afirma Izan, militante do MAB e liderança da comunidade.

Com a manifestação, a empresa se comprometeu a comparecer em reunião na comunidade junto com prefeitura de Altamira, Ibama e Agência Nacional de Águas. Será a primeira vez que a empresa aceita dialogar com os atingidos do Independente 1.

FOTO: Darlan Fredson
FOTO: Darlan Fredson

Indígenas trancam rodovia

Esta semana também foi marcada pelo protesto dos indígenas Juruna das aldeias da Volta Grande do Xingu, que trancaram a via de acesso à hidrelétrica para denunciar que a Norte Energia não vem cumprindo com as condicionantes indígenas, como por exemplo, o direito de acesso ao lago da barragem e a construção de obras de infraestrutura nas aldeias. Os Juruna são atingidos pela diminuição da vazão do rio devido à hidrelétrica, que impacta a pesca e a navegação, entre outros aspectos.

Imagem: Reprodução do MAB.

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