Barragem Maravilhas licenciada: 108 milhões de m3 de rejeitos se somam a mais de 400 barragens

Movimento pelas Serras e Águas de Minas

A Licença Prévia (LP) da barragem de rejeitos Maravilhas III, da Vale, projetada para 108,86 milhões de m3 (cerca do dobro do volume que desceu do rompimento da Barragem do Fundão no dia 5/11/2015) e com a mesma tecnologia de disposição hidráulica, foi concedida no dia 28 de junho, durante a reunião da URC Rio das Velhas/Copam, com parecer técnico favorável da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e só 4 votos contrários: Eduardo Nascimento (FETAEMG), Ivânia Linhares de Almeida (CREA/MG), Mauro da Fonseca Ellovitch (MPMG) e Maria Teresa Corujo (FONASC-CBH).

11 conselheiros votaram a favor da LP: Marcos Eugênio S. Rodrigues (SEAPA), Guilherme Duarte (SEDE), Heloísa Notini Greco (SEDRU), Antônio Fernando de A. Mendes (IBAMA), Romel A. Vasconcelos (DNPM/MG), Licínio E. Mól Xavier (AMM), João Eustáquio B. Teixeira (CBH RP), Paula Meireles Aguiar (FIEMG), Carlos Alberto S. de Oliveira (FAEMG), Marco Aurélio Moreira (FEDERAMINAS) e Júlio César F. Nery (SINDIEXTRA). E três se abstiveram: Cap. PM Sérgio Rodrigues Dias (PMMG), Ronaldo Vasconcellos (Ong Ponto Terra) e Luiz Carlos da Cruz (UNA). Mesmo com as informações abaixo:

  • Tem comunidades com pessoas na “zona de autossalvamento, definida assim porque estão a menos de 30 minutos da chegada da lama em caso de rompimento onde “se considera não haver tempo suficiente para a intervenção das autoridades competentes”.

 

  • A Captação de Bela Fama (Copasa) é um dos “pontos relevantes potencialmente atingidos pela onda de inundação” em caso de rompimento e ela é responsável pelo fornecimento de água de cerca de 3 milhões de pessoas entre os quais habitantes de Belo Horizonte (70%), Nova Lima (98%) e Raposos (100%), entre outros municípios, num total de cerca de 41% da RMBH e os estudos apresentados pela Vale não informam como garantir o fornecimento de água.

 

  • Em caso de rompimento de Maravilhas III, a lama atingirá Maravilhas II, que fica a menos de 1000 metros de distância abaixo. Os estudos da VOGBR dizem que a velocidade máxima será de 8,75 m/s e altura máxima de 25,3 metros. Os moradores mais próximos teriam menos de 3 minutos para se “auto salvar”. E se maravilhas II se romper também com o impacto, os moradores logo abaixo teriam somente 35 segundos para abandonar o local.

 

  • Em caso de rompimento, coloca em risco também as populações situadas ao longo do Rio de Peixe (Nova Lima e Rio Acima) e Rio das Velhas (Raposos, Sabará e Santa Luzia, entre outros municípios) assim como o próprio Rio São Francisco, caso aconteça o mesmo que no Rio Doce.

Maravilhas III é para atender a expansão do Complexo Vargem Grande, na divisa Itabirito/Nova Lima, que já tem as barragens Maravilhas I e Maravilhas II.

Assim, se soma a mais de 400 barragens de rejeitos de mineração já existentes no Quadrilátero Ferrífero (Aquífero), de acordo com a Lista de Barragens da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) de 2013.

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