Será que a esperança está com o pé na cova?

Cultura inútil: as melhores frases e ditados sobre esperança

Por Mouzar Benedito – Blog da Boitempo

Nestes tempos em que não sei se dá para ser mais esperançoso do que temeroso, tenho me lembrado da peça Brasileiro, profissão esperança, de Paulo Pontes, escrita em 1966. É um musical cruzando as vidas, as músicas e as crônicas de Dolores Duran e Antônio Maria. Mas extrapola. Paulo Pontes escreveu um texto de apresentação da peça em que começa dizendo que “é urgente e gigantesca a tarefa de conhecer o homem brasileiro hoje”.

O musical teve várias montagens, com algumas mudanças relacionadas às transformações políticas e sociais ocorridas no Brasil ao longo dos anos. Sinal que o “homem brasileiro hoje”, quer dizer, da época de cada montagem, foi mudando também, acompanhando as mudanças políticas e sociais.

Em 1970, fez sucesso com direção de Bibi Ferreira e interpretação de Maria Bethânia e Ítalo Rossi. Outra montagem que ficou famosa teve Paulo Gracindo e Clara Nunes, também dirigidos por Bibi Ferreira. Minha lembrança dele é por causa do título. Esperança!

E também por causa da esperança me lembro igualmente do grande poeta Torquato Neto, um dos principais letristas de músicas do tropicalismo. Por exemplo: “Geleia geral”, “Mamãe coragem”, “Zabelê”… E “Louvação”, feita em parceria com Gilberto Gil, um verdadeiro hino à esperança. Basta lembrar o trecho dela que diz: “Louvo a esperança da gente / na vida, pra ser melhor / Quem espera sempre alcança / três vezes salve a esperança”.

Pois ele mesmo perdeu a esperança, desesperadamente. Em novembro de 1972, um dia depois de completar 28 anos de idade, escreveu um bilhete – “Para mim, chega!” –fechou as portas, ligou o gás e tirou a própria vida naquela fase terrível da ditadura, tempos de Garrastazu Médici. Vejo muita gente boa quase chegando a esse ponto. É terrível.

Não sei se podemos dizer que continua valendo o título “Brasileiro, profissão esperança”, mas acho permanece a afirmação de Paulo Pontes que é “urgente e gigantesca a tarefa de conhecer o homem brasileiro”. O brasileiro de hoje é outro, claro. Foi-se o tempo não só de Dolores Duran e Antônio Maria, e também os das épocas das grandes montagens.

Bom, a esperança é controversa, seja nos ditados populares ou nas falas de gente famosa. Se uns dizem o ditado que virou chavão “a esperança é a última que morre” ou repetem o “enquanto há vida, há esperança”, de Terêncio, outros preferem Chico Buarque na música “Bom Conselho”:

“Ouça um bom conselho que eu lhe dou de graça: inútil dormir que a dor não passa.

Espere sentado ou você se cansa. Está provado: quem espera nunca alcança”.

Sem dúvida, a vida sem esperança é totalmente sem graça e, quando ela se torna totalmente ausente, até o suicídio passa a ser uma opção. Mas ter esperança não basta: é preciso ir à luta. De qualquer forma, selecionei um monte de pensamentos de gente famosa (principalmente do passado) e de ditados populares, e apresento a vocês, com esperança de ter alguns leitores (pelo menos para parte desses pensamentos e ditados, que são muitos). Aí vão eles.

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Thomas Mann: “Uma das situações da vida mais cheia de esperanças é aquela em estamos tão mal que já não poderíamos estar pior”.

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Simone de Beauvoir: “É horrível assistir à agonia de uma esperança”.

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Simone de Beauvoir, de novo: “Em todas as lágrimas há uma esperança”.

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Machado de Assis: “Aquele bom rapaz tinha a salutar crendice da esperança, em que muita vez se resumem todas as bênçãos da vida”.

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Machado de Assis, de novo: “A esperança é própria das espécies fracas, como o homem e o gafanhoto; o burro distingue-se pela fortaleza”.

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Mia Couto: “A esperança é a última a morrer. Diz-se. Mas não é verdade. A esperança não morre por si mesma. A esperança é morta. Não é um assassinato espetacular, não sai nos jornais. É um processo lento e silencioso que faz esmorecer os corações, envelhecer os olhos dos meninos, e nos ensina a perder a crença no futuro”.

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Clarice Lispector: “Esperar menos não significa desistir. Antes se surpreender do que se decepcionar”.

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Clarice Lispector de novo: “Corro perigo / como pessoa que vive. / E a única coisa que espera / é exatamente o inesperado”.

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Clarice Lispector, mais uma vez: “Prescindir da esperança significa que eu tenho que passar a viver, e não apenas a me prometer vida”.

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Provérbio judaico: “É bom ter esperança, mas é ruim depender dela”.

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John Lennon: “É uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós”.

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Padre Antônio Vieira: “A mais fiel de todas as companheiras da alma é a esperança”.

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Padre Antônio Vieira, de novo: “A esperança é o último remédio que a natureza deixou a todos os males”.

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Padre Antônio Vieira, mais uma vez: “A esperança é um afeto que, suspirando sempre por ver, vive de não ver, e morre com a vista”.

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Millôr Fernandes: “Brasil, condenado à esperança”.

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Millôr, de novo: “O otimista não sabe o que o espera”.

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Roberto Simonsen: “Otimismo é esperar pelo melhor. Confiança é saber lidar com o pior”.

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Michel de Montaigne: “A esperança é doce, porém azeda como o mel”.

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Marilyn Monroe: “Qualquer coisa que mereça ser possuída, merece ser esperada”.

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Jorge Luís Borges: “A esperança é o mais sórdido dos sentimentos”.

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Nietzsche: “A esperança é o pior dos males, pois prolonga o tormento do homem”.

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Nietzsche, de novo: “Muitas pessoas esperam a vida inteira pela oportunidade de serem boas à sua maneira”.

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Ditado popular: “Com tempo e esperança, tudo se alcança”.

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Outro ditado popular: “Esperança não enche pança”.

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Henry Billings Brown: “Viver de esperanças é como viver do vento, boa maneira de inchar, mas má de engordar”.

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Dalai Lama: “Eu encontro esperança nos dias mais sombrios, e foco nos mais brilhantes. Eu não julgo o universo”.

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Paul Bourget: “Todas as grandes esperanças são seguidas de tristeza”.

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Berilo Neves: “A esperança é a arte de ser feliz sem a felicidade”.

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William Jennings Bryan: “Destino não é uma questão de sorte, uma questão de escolha; não é uma coisa que se espera, mas que se busca”.

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Plauto: “O que não se espera acontece com mais frequência do que o que se espera”.

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Shakespeare: “A esperança de gozar cede apenas em prazer à esperança realizada”.

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Guimarães Rosa: “Esperar é reconhecer-se incompleto”.

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Ditado popular: “Não há esperança sem temor, nem amor sem receio”.

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Outro ditado popular: “Donde esperança o homem não tem, às vezes daí lhe vem o bem”.

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Baudelaire: “Sou apaixonado pelo mistério, porque sempre tenho a esperança de desvendá-lo”.

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Eurípedes: “O homem superior é o que permanece sempre fiel à esperança; não perseverar é de poltrões”.

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Cora Coralina: “Mais esperança nos meus passos / do que tristeza nos meus ombros”.

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Napoleão Bonaparte: “Um líder é um vendedor de esperança”.

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Bob Galvin: “Acredito que, em última análise, a função do líder é espalhar esperança”.

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Paula Nei: “A Fé, a Esperança e a Caridade são as três folhas do trevo da Ilusão”.

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Carlos Drummond de Andrade: “Perdi o bonde e a esperança. / Volto pálido para casa”.

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Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa): “Perdi a esperança como uma carteira vazia”.

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Fernando Pessoa: “Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas”.

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Anne Frank: “Que maravilha é ninguém precisar esperar um único momento para melhorar o mundo”.

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Winston Churchill: “O que eu espero, senhores, é que depois de um razoável período de discussão, todo mundo concorde comigo”.

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Churchill, de novo: “Um apaziguador é alguém que alimenta um crocodilo esperando ser o último a ser devorado”.

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Sêneca: “Dedica-se a esperar o futuro apenas quem não sabe viver o presente”.

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Sêneca, de novo: “Deixarás de temer quando deixares de ter esperança”.

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Ditado popular: “A esperança conforta a alma, a honra e a vida”.

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Outro ditado popular: “Quem tem esperança, tem paciência”.

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Mais um ditado popular: “A esperança é o pão dos infelizes”.

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Menotti del Picchia: “Não é louco quem corre atrás de uma esperança, porque a esperança é o fim de nossa própria vida”.

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Benjamin Franklin: “Quem vive de esperanças morrerá de fome”.

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Ditado popular: “Quem vive só de esperanças, de desenganos morre”.

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Outro ditado popular: “Quem espera por sapato de defunto, toda a vida anda descalço”.

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Mais um ditado popular: “Quem vive de esperança, dança sem música”.

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Francis Bacon: “A esperança é um bom almoço mas um mau jantar”.

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Coelho Neto: “As esperanças são como as estrelas: brilham, mas não trazem luz; lindas, mas ninguém as alcança”.

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Michelangelo: “Espero que eu sempre possa desejar mais do que consigo fazer”.

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Cesare Pavese: “Não há absolutamente ninguém que faça um sacrifício sem esperar uma compensação. É tudo uma questão de mercado”.

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Aristóteles: “A esperança é um sonho feito de despertares”.

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Aristóteles, de novo: “A esperança é o sonho do homem acordado”.

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Albert Camus: “Toda a infelicidade dos homens nasce da esperança”.

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Edmund Burke: “Os que têm muito a esperar e nada a perder serão sempre perigosos”.

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Álvaro Moreyra: “ Mesmo aos grandes desesperados, sempre resta algo de esperança”.

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Ditado popular: “De esperança vive o homem até que morre”.

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Outro ditado popular: “Quem espera da mão alheia, mal janta a pior ceia”.

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Mais um ditado popular: “Quem espera, desespera”.

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Stevenson: “Não peço riquezas nem esperanças, nem amor, nem um amigo que me compreenda. Tudo o que peço é um céu sobre mim e um caminho a meus pés”.

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Platão: “Não espere por uma crise para descobrir o que é importante em sua vida”.

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Georges Bernanos: “A verdadeira esperança é uma qualidade, uma determinação heroica da alma. E a mais elevada forma de esperança é o desespero superado”.

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Albino Forjaz de Sampaio: “A esperança é como um teia de aranha. Se lhe tocares, desfaz-se nas mãos”.

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François La Rochefoucauld: “A esperança, enganadora como é, serve contudo para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis”.

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Ditado popular: “A esperança do descanso alivia o trabalho”.

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Outro ditado popular: “A esperança do ganho diminui a canseira”.

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Baruch Espinoza: “Não há esperança sem medo, nem medo sem esperança”.

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Wilson Chagas: “A esperança, num mundo onde já não há esperança, precisa merecer as coisas que se esperam, e por isso tem que passar pela provação do desespero”.

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Frederico I: “O sonho e a esperança são dois calmantes que a natureza concede ao ser humano”.

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Walther Waeny: “Quem espera da humanidade aquilo que merece, acabará por sofrer dela aquilo que não merece”.

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Charles de Gaulle: “O fim da esperança é o começo da morte”.

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Carmen Sylva: “Onde vai a esperança quando nos deixa? Vai cavar a nossa sepultura”.

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Mário Lago: “Quando deixarmos de ter esperança é melhor apagar o arco-íris”.

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Santo Agostinho: “Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer”.

Santo Agostinho, de novo: “A esperança tem duas filhas lindas: a indignação e a coragem. A indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”.

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Abraham Lincoln: “As coisas chegam para aqueles que esperam, mas somente as coisas deixadas por aqueles que agem rápido”.

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Caetano Veloso: “Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer”.

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Sun Tzu: “Triunfam aqueles que sabem quando lutar e quando esperar”.

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Ernesto Sábato: “A esperança não será a prova de um sentido oculto da Existência, uma coisa que merece que se lute por ela?”.

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Charles Chaplin: “O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende de mim”.

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Eduardo Girão: “Desanimar, nunca. O desengano deve ser o começo de outra esperança”.

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Franz Kafka: “Mesmo no caso de a esperança ser muito pequena, não tenho o direito de não usar as minhas possibilidades”.

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Kafka, de novo: “Há esperanças, só não para nós”.

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Luther King: “Se soubesse que o mundo se acaba amanhã, eu ainda hoje plantaria uma árvore”.

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Pablo Neruda: “Sofre mais aquele que sempre espera do que aquele que nunca esperou nada?”

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Voltaire: “Um dia tudo será excelente, eis a nossa esperança; hoje tudo corre para melhor, eis a nossa ilusão”.

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Voltaire, de novo: “A esperança é um alimento da nossa alma, ao qual se misturas sempre o veneno do medo”.

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Rubem Alves: “A esperança é uma droga alucinógena”.

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Montesquieu: “A esperança é uma cadeia que ata todos os nossos prazeres”.

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Joseph Joubert: “A esperança é um empréstimo que se pede à felicidade”.

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Severo Catalina: “A esperança é a mão misteriosa que nos aproxima do que desejamos e nos afasta do que tememos”.

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Hermann Hesse: “Devemos caminhar na direção do nosso maior temor, ali está nossa única esperança”.

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Ditado popular: A cada dia, sua pena e sua esperança”.

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Outro ditado popular: “A vã esperança engana o homem”.

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Karl Kraus: “A guerra, a princípio, é a esperança de que a gente vai se dar bem; em seguida, é a expectativa de que o outro vai se ferrar; depois, a satisfação de ver que o outro não se deu bem; e finalmente, a surpresa de ver que todo mundo se ferrou”.

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Confúcio: “Exige muito de ti e espera pouco dos outros. Assim, evitarás muitos aborrecimentos”.

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Confúcio, de novo: “O homem que fica no alto da colina com a boca aberta esperará um longo tempo até que um pato assado caia nela”.

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Provérbio chinês: “Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier”.

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Outro provérbio chinês: “Espere com paciência, ataque com rapidez”.

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Che Guevara: “A argila fundamental de nossa obra é a juventude. Nela depositamos todas as nossas esperanças e preparamos para receber a bandeira de nossas mãos”.

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Albert Einstein: “Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes”.

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Mário Quintana: “O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo”.

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Quintana, de novo: “A esperança é um urubu pintado de verde”.

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Victor Hugo: “A esperança seria a maior das forças humanas, se não existisse o desespero”.

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Lu Hsun: “A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes”.

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Nelson Mandela: “A esperança é uma arma poderosa e nenhum poder no mundo pode privar-te dela”.

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Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo. O pessimista é um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

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*Jornalista, nasceu em Nova Resende (MG) em 1946, o quinto entre dez filhos de um barbeiro. Trabalhou em vários jornais alternativos (Versus, Pasquim, Em Tempo, Movimento, Jornal dos Bairros – MG, Brasil Mulher).

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