Sobre Poró Borari, preso ontem em Santarém durante protesto pela saúde indígena

Por Florêncio Almeida Vaz Filho

Adenilson Alves de Sousa (Poró Borari), que foi preso hoje (ontem) pela Polícia Federal (PF), é estudante indígena do Curso de Pedagogia e Informática Educacional na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em Santarém. Já foi um dos coordenadores do Diretório Acadêmico Indígena da UFOPA e continua sendo um líder dos estudantes indígenas na nossa Universidade, além de ser uma liderança reconhecida em toda a região. Ele também é Coordenador do Ensino Modular Indígena, da Secretaria de Educação (SEDUC) do Pará.

É um estudante que tem o perfil dos indígenas que entraram nos últimos tempos para o ensino superior, através das ações afirmativas, e fizeram a diferença. Tornaram-se lideranças mais críticas e mais articuladas, pois agregaram o diferencial acadêmico à sua trajetória. Na Ufopa ele não é o unico, como tenho falado nos foruns e debates sobre interculturalidade e indígenas no ensino superior. Na Ufopa, são vários estudantes bem politizad@s e aguerrid@s, já com um histórico de ações de mobilização em favor dos direitos de seu povos.

Para as forças de dominação e controle do Estado, este tipo de estudante indígena é altamente incômodo. Daí a sua prisão pela PF, sob a alegação de que estaria mantendo servidores da SESAI em Santarém em cárcere privado. As testemunhas todas citam a forma truculenta e raivosa como a PF tratou os indígenas (estudantes universitários e lideranças das aldeias), principalmente Poró Borari. Um vídeo mostra que a acusação principal de cárcere privado não procede, pois os servidores da SESAI e as demais pessoas podiam entrar e sair do predio livremente.

Após ficar a tarde toda e o início da noite na PF, Poró Borari foi levado ao presídio às 22 horas de hoje (ontem) aproximadamente, apesar de todos os esforços do Procurador da República Dr. Camões (MPF), de advogados, Funai local e da pressão dos indígenas. Estes, que estão ocupando a SESAI desde esta manhã, ficaram o a tarde e noite na frente da PF. Agora estão todos reunidos na SESAI.

Foi anunciado uma audiência amanhã às 9:30 hs, na Justiça Federal, em Santarém.

Todo o nosso apoio à luta dos povos indígenas no baixo rio Tapajós!
Liberdade imediata a Poró Borari!

Prof. Florêncio Almeida Vaz Filho
Grupo Consciência Indígena (GCI)
Professor do Programa de Antropologia e Arqueologia (PAA/UFOPA)
Diretor de Ações Afirmativas na UFOPA
Santarém, Pará.

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