A ‘Outra Baía’ do Rio exige reparos ambientais no momento em que atenção Olímpica foca na Baía de Guanabara

Sophia Zaia – RioOnWatch

No dia 31 de julho, moradores de Sepetiba, Zona Oeste do Rio, se uniram em um “abraço” simbólico à Baía de Sepetiba para mobilizar a comunidade e a gestão ambiental da baía.

Os 40 moradores e apoiadores presentes se reuniram no histórico coreto de Sepetiba. Diversos grupos, incluindo a C.O.R.E.S. (Comissão Revitalização de Sepetiba), o Instituto Boto Cinza de proteção aos golfinhos, o Ecomuseu Sepetiba, a Rede Popular – Sepetiba, a Baía Viva e a Igreja Batista Central de Sepetiba, uniram forças em torno da preocupação em comum com a baía. Os representantes de cada grupo discursaram e o evento culminou no “abraço”, com os participantes dando as mãos, formando um círculo ao redor do coreto, e cantando o hino nacional.

“O abraço tem como objetivo juntar os movimentos, instituições, moradores e pescadores para que todos possam abraçar Sepetiba e cobrar das autoridades as promessas não cumpridas”, explicou Thiago Cruz, da Rede Popular de Sepetiba.

“Estamos no momento de Olimpíadas e próximo ao momento de eleição. Então assim todos os olhares do mundo estão para o Rio e a Baia da Guanabara, pois foi prometida a despoluição por causa das Olimpíadas. Se lá não foi possível fazer o que tinham prometido, imagina em uma região que ninguém sabe que existe. Então, a gente tem que dar o grito”.

Os moradores seguravam cartazes com os dizeres “INEA, Cumpra sua Promessa: Cadê a Reposição da Faixa de Areia na Praia de Sepetiba?” e “TKCSA, Sem Licença para Funcionar, mas com Licença para Poluir!”. Eles também manifestaram o desejo de ver cumprida a promessa do Prefeito Eduardo Paes de construir 450 quilômetros de ciclovias até 2016.

Conhecida como a Copacabana da Zona Oeste do Rio durante as décadas de 70 e 80, a Praia de Sepetiba foi ocupada principalmente por pescadores e casas de veraneio. Em 1982, os moradores acompanharam a construção do Porto de Itaguaí, que transformou as praias de Sepetiba em pântanos impróprios para banho.

A Companhia Docas supervisionou a construção do porto. Para aprofundar um canal, eles desenterraram 20 metros cúbicos de material e o jogaram de forma irresponsável na baía. O material tem sido continuamente arrastado para as praias de Sepetiba desde então, cobrindo-as com lama. A poluição provocada pela companhia de zinco Ingá Mercantil (fechada em 1998) e pela altamente controversa indústria siderúrgica TKCSA e mais a construção do porto devastaram a pesca artesanal e as indústrias de turismo em Sepetiba.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região determinou que a Companhia Docas deveria pagar pelo reparação dos danos, mas os moradores de Sepetiba afirmam que a verba foi investida fora da região. “Até hoje me parece que a Docas ainda não pagou tudo, e não fez todas as medidas mitigatórias que tinham que ser feitas. É isso que a gente está reivindicando agora”, afirma o membro da C.O.R.E.S., Sergio Pinto.

Ele continua: “Já que não tem como tirar o material que foi colocado dentro da baía, que se faça a urbanização da orla, com ciclovia, com calçadão, quiosques, chuveiro para o pessoal, banheiro, como tudo que tem na Zona Sul, em Copacabana e Ipanema. A gente merece ter isso aqui também”.

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