Carta de apoio Ka’apor aos parentes Guajajara da Ti Pindaré e Krepym Katejê da Ti Geralda Toco Preto

Governo do Maranhão mente, não respeita e nem cumpre direitos. Todo Apoio à luta dos parentes

Nós povo Ka’apor da Terra Indígena Alto Turiaçu estamos sofrendo como vocês. O governo federal vem abandonando os povos indígenas do Brasil e o governo do Maranhão vem copiando essa lição.

Nossos parentes de todo o Brasil estão sofrendo com o descaso desses governos que não protege nossos territórios, não garante saúde de qualidade, não respeita nossa cultura e nosso jeito de ensinar e aprender, não garante acesso aos benefícios que a gente precisa.

Parente Flauberth Guajajara, parentes Guajajara da Terra Indígena Pindaré

Nós estamos indignados com o governo do Maranhão que não escuta, não respeita, não garante nossos direitos diferenciados. Nunca fez nenhuma ação para impedir invasores em nosso território, nunca garantiu segurança ao redor de nosso território. Nunca prendeu quem bateu, atirou, invadiu aldeia e matou nossos parentes. Nunca fechou, multou e fiscalizou serrarias. Não proíbe os bares de vender bebidas para nossos parentes. Não prende quem rouba, segura cartão de bolsa família na cidade. Não garante vida digna para os brancos das comunidades carentes que moram perto de nosso território. Não faz educação ambiental nas escolas dos brancos para evitar conflitos entre a gente com eles. Não protege e nem preserva as florestas e meio ambiente no Estado, não educa nas escolas, nas comunidades, nas rádios e televisões a importância de proteger e cuidar das florestas, dos rios, nascentes e do meio ambiente.

Governo do Maranhão não tem programa de educação indígena diferenciada e que atenda a necessidade dos povos indígenas e nem tem vontade e boa fé de fazer. Não respeita nosso jeito de fazer educação em nossas aldeias do jeito de nossa cultura, nossa língua. Não garante estrutura para nossas escolas. Não respeita, não valoriza, não paga um salário digno aos nossos professores indígenas e não indígenas que trabalha com a gente. Não reconhece e nem contrata quem apoia nossa educação nas escolas como as zeladeiras e merendeiras. Não garante merenda escolar regular e diferenciada em nossas escolas. Não respeita o direito humano a alimentação adequada. Não garante transporte escolar regular e digno. Não escuta o jeito que a gente quer construir e nem constrói escolas nas nossas aldeias. Não garante material didático para as escolas. A maioria de seus técnicos não tem formação, nem sabe trabalhar com os indígenas e nem gosta de indígenas. Governo do maranhão não cumpre o TAC da educação indígena, do ministério público federal do Maranhão.

Parentes Guajajara e Krepym Katejê, nós estamos revoltados com o governo que não garantiu também apoio para a educação de vocês e vem tratando mal vocês.

Nós também entregamos documento para ministério publico federal colocando a situação de descaso com a educação indígena.

De novo informamos que não aceitamos que a Seduc e a Funai divida nosso povo. Estamos integrados e buscando nossos direitos, em 14 aldeias da Terra indígena Alto Turiaçu, mesmo com ameaças diárias de madeireiros e apoiadores contra nós que estão com seus comércios de madeira perto de nossa terra indígena. E governo nada faz para proibir essa violência e crimes ambientais.

Não aceitamos o jeito da URE Ze Doca trabalhar que não respeita nossos gestores, professores. Não reconhece e nem respeita nosso Conselho de Gestão Ka’apor e nosso Centro de Formação Saberes Ka’apor. Essa gente só trabalha discriminando os indígenas, são técnicos que não gosta de indígenas.

Não vamos desistir de nosso jeito de organizar nossa educação. O mais importante é que nosso povo aceita, reconhece e cresceu com esse jeito da gente educar e organizar a educação. E exigimos o repasse das parcelas atrasadas da merenda escolar, transporte escolar para nossa EJA, construção de escolas, contratação de Educadores Formadores para nossa EJA e Ensino Médio, reconhecimento e respeito do nosso jeito de organizar nossa educação, respeito e reconhecimento de nossos gestores indígenas.

Parentes ficamos muito triste com a morte de nossas parentes, somos solidários as famílias delas.

Parentes Guajajaras da terra indígena Pindaré e parentes Krepym Katejê da terra indígena Geralda Toco Preto recebam nosso apoio e solidariedade nessa mobilização para uma educação indígena especifica e diferenciada e contra os descaso e discriminação. Exigimos que a educação escolar indígena melhore para todos os povos do Maranhão! Estamos unidos nessa luta e não vamos desistir. Vamos nos unir e continuar exigindo nossos direitos dos governo.

É dever do estado cumprir com a Constituição do nosso país e respeitar nosso jeito de viver e fazer as políticas públicas com justiça social e dignidade, respeitando os povos e sua cultura e organizações diferenciadas .

Conte com a gente nessa luta que só está começando.

Conselho de Gestão Ka’apor.

Foto: jornal Vias de Fato

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