UFRGS: Professores debatem discriminação, racismo e problemas sociais

Da Redação do Sul21*

Dentro do tema “Paz no Plural”, que pauta o Salão UFRGS deste ano, a mesa-redonda ocorrida na manhã desta quarta-feira (14) tratou de Desigualdades educacionais, cultura do ódio e conflitos sociais. Promovido pela Coordenadoria de Acompanhamento do Programa de Ações Afirmativas (CAF), no Auditório do Ilea, o debate reuniu os professores Roberta Baggio e José Carlos Gomes dos Anjos, que problematizaram questões relacionadas à discriminação, ao racismo e a problemas sociais, dentro e fora do ambiente acadêmico.

Roberta trouxe um panorama sobre a estrutura hierarquizada das sociedades latino-americanas e a falsa garantia de liberdades individuais, além de destacar como os sistemas educacionais ajudam na manutenção dessa hierarquia. Ela afirma que a escola pública tem um espaço de liberdade que o Estado tenta diminuir, enquanto na escola particular, os alunos são colocados em um campo de docilidade.

Roberta também falou sobre como o perfil dos alunos da Universidade mudou a partir das políticas públicas. “Como foi rica essa mudança, porque a mobilidade que conseguimos atingir na última década permitiu um avanço no sistema educacional em relação à questão racial e à tentativa de incluir o debate, apesar da resistência”, avalia. Nesse mesmo assunto, a professora observou que esse avanço gerou uma “tolerância cínica na sociedade”, a partir da ideia de bondade que transparece apenas quando interessa. “Quando estoura uma crise política, como aconteceu aqui [no Brasil], ela revela como realmente é a sociedade”, afirma. Por fim, Roberta repreendeu fortemente o projeto Escola sem Partido, mostrando sua inconsistência e destacando como é absurdo não construir um sujeito crítico.

Em sua fala, o professor José Carlos Gomes dos Anjos trouxe uma reflexão sobre as agressões que afirmou que religiões afro-brasileiras sofrem por parte de evangélicos. José destaca que os conflitos são frequentemente associados a uma guerra religiosa, como se as agressões gerassem uma resposta igualmente violenta. “O que na verdade se visualiza é que os cultos afro-brasileiros respondem com denúncias, ou seja, não estão assumindo uma contraposição violenta”, enfatiza. O professor descartou a ideia de que a solução para esses conflitos seja a tolerância religiosa. “O que está em jogo, na verdade, é uma questão de direitos: direito ao reconhecimento dos cultos afro-brasileiros”, avalia.

As atividades da CAF seguem amanhã no salão de ensino, com os trabalhos “Experiências em tutoria em relações étnico-raciais” e “Reapresentação”, às 14h na sala 215 do Instituto Letras. No mesmo horário ocorrem as tertúlias “Também somos sementes dessa Arvorezinha e (r)existimos” e “(Re)conheça seu preconceito: açōes, preposiçōes e desconstruções”.

*Com informações da UFRGS.

Imagem: Mesa aconteceu no auditório do Ilea, no Campus do Vale | Foto: Gustavo Diehl/ UFRGS

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