Ciclo de debates discute impacto do racismo nas artes e na educação

De 3 de novembro a 16 de dezembro, ‘Cartas Para Minha Filha’, organizado pela Trupe Liuds, realiza encontros para refletir sobre estereótipos e a invisibilidade da mulher negra nas artes brasileiras

por Redação RBA

A Trupe Liuds promove entre os meses de novembro e dezembro cinco encontros para problematizar os estereótipos e a ausência de atores e atrizes negros no universo circense. O ciclo Cartas Para Minha Filha, que começa nesta quarta-feira (3), faz parte do projeto Mjiba – A Boneca Guerreira, contemplado pelo edital Xamego – Seleção e Apoio a projetos de Circo, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

O projeto feito em parceria com a Quilombaque nasce da pesquisa e da observação da dinâmica educacional das crianças nas periferias. “É angustiante ver o quanto as crianças negras e as mulheres na periferia estão expostas aos valores machistas e preconceituosos. Desde a infância, a criança recebe uma educação abusiva e o racismo transborda para todos o círculos de convívio: casa, escola e brincadeiras”, afirma a trupe.

Segundo o grupo, a presença de palhaços vividos por atores e atrizes negros no Brasil ainda é pouco discutida e estudada. Por mais que existam registros de que a linguagem do circo-teatro tenha sido criada e introduzida no circo brasileiro por Benjamin, primeiro palhaço negro da história, sua vida é pouco conhecida e pesquisada. Se por um lado, ele foi invisibilizado pela história e artes circenses, por outro, Xamego, um palhaço interpretado pela atriz negra Maria Eliza Alves dos Reis na década de 1940, atualmente recebe homenagens e é tema de estudos.

A Trupe Liuds, formada por Valmir Cruz, Dede Ferreira e João Henrique, utiliza o circo como uma ferramenta do lúdico para trabalhar a desconstrução do racismo e de estereótipos. “A figura do palhaço é uma ponte para o diálogo sincero com as crianças e o público em geral. Decidimos aprofundar a pesquisa para melhorar a qualidade em nossa ação através de mesas de debates divididas em quatro eixos: o circo, a tradição, a mulher e a educação”, detalha Dede.

Programação

O documentário Minha AEra Palhaço, de Mariane Gabriel, abre a programação do ciclo nesta quarta-feira, às 19h, na Comunidade Cultural Quilombaque. O filme narra a história de Xamego, o racismo, o machismo e a luta de um palhaço pelo papel principal de um espetáculo do Circo Guarany. Na sequência, a diretora, que é neta de Xamego, participa de um bate-papo com Daise Alves dos Reis Gabriel e Roberto Salim, filha e genro do personagem interpretado por Maria Eliza.

No segundo encontro, dia 16 de novembro, o historiador Salloma Salomão e a musicista Girlei Miranda, do grupo Ilu Obá de Min, falam sobre a “Resistência da oralidade das culturas tradicionais afro-brasileiras”. No dia 1º de dezembro, as atrizes Flávia Rosa, da Cia Capulanas de Artes Negras, e Elizandra Souza, do Coletivo Mjiba, debatem e desconstroem “A imagem estereotipada da mulher negra na sociedade brasileira”. Para fechar o ciclo, dia 16 de dezembro, as arte-educadoras Fernanda Azevedo, da Cia Kiwi, e Ana Koteban discutem sobre “O impacto do racismo na educação”.

Ciclo de debates Cartas Para Minha Filha, da Trupe Liuds
Quando: dias 3 e 16 de novembro e 1 e 16 de dezembro, às 19h
Onde: Comunidade Cultural Quilombaque
Travessa Cambaratiba, 5, Perus, São Paulo (SP)
Quanto: grátis, sem necessidade de retirada de ingresso
Duração: 2 horas

Imagem: Trupe Liuds: ‘O racismo transborda para todos o círculos de convívio: casa, escola e brincadeiras’

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