Por Campeonato da língua Paumari
O documentário acompanha a realização do Segundo Campeonato da Língua Paumari que aconteceu em setembro de 2015 na aldeia Santa Rita, Terra Indígena Paumari do Lago Marahã, na beira do Rio Purus (AM).
O Campeonato é uma iniciativa imaginada pelos professores Paumari para revalorizar a língua nativa e tentar reconectar as gerações. Há duas décadas aproximadamente, os mais velhos deixaram progressivamente de falar em Paumari com seus filhos, criando uma distância entre as gerações. Essa cissão se vê reforçada pelo atual êxodo das famílias paumari para a cidade, em busca de uma educação de melhor qualidade para os filhos. Hoje, os jovens estão cada vez mais atraídos pela vida urbana, o mercado, a tecnologia e a língua portuguesa.
A ideia foi então criar um evento coletivo, onde todas as aldeias, assim como os Paumari que vivem na cidade, pudessem se encontrar e participar de uma competição divertida e alegre. O torneio consiste na apresentação, por cada uma das aldeias (cada aldeia forma um time), de uma história na língua indígena, sem uso de termos em português. Outro objetivo importante, para além do evento em si, é coletar material em Paumari para as escolas e transformar as histórias vencedoras em animações gráficas faladas em Paumari.
Na edição de 2015, os Paumari receberam a visita de Alberto Álvares Guarani, cineasta e estudante indígena da UFMG (OEEI-FAE) que participou do evento estabelecendo um diálogo bonito e interessante com todos os participantes.
Em 2016, ao longo da edição do filme, algumas pessoas que participaram do evento ou aparecem neste registro faleceram ou sofreram acidentes graves. Seu Osvaldo sofreu um derrame e perdeu a fala, Antonio Toro, pajé renomado, se foi, vítima de vários problemas de saúde, e no final do último mês de outubro, Fátima Paumari, mulher sábia e irreverente, muito querida por todos, faleceu vítima de uma pneumonia que aparentemente não foi diagnosticada a tempo pelo serviço de saúde indígena na aldeia. Várias outras pessoas, incluindo uma criança recém-nascida, se foram em circunstâncias parecidas, deixando o ano de 2016, assim como o processo de finalização do filme, marcados por estas perdas. Mas a alegria e o entusiasmo despertados pelo Campeonato permanecem, fortalecendo e unindo o povo Paumari e seus vizinhos do médio curso do rio Purus.
O filme é uma realização da Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP). Foi realizado sem financiamento, ao longo de nove meses de trabalho, com o intuito de divulgar o evento, procurar apoios financeiros para garantir sua continuidade e informar o público sobre a realidade e as iniciativas dos povos do Purus.
Realização: FOCIMP (2016)
Imagens e edição: Alberto Álvares, Diogo Campos, Oiara Bonilla.
Apoio: FUNAI
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Oiara Bonilla.
