“Na crise de hegemonia, caracterizada por Gramsci como aquele interregno em que o “velho está a morrer e novo ainda não pode nascer”, a evolução mais provável não é a revolução. Pelo contrário, é a reação e o incremento do Estado de exceção. Do ponto de vista das saídas políticas, a saída mais provável é à direita. Esta é uma tendência no mundo ocidental: a não funcionalidade das democracias e a falência dos partidos de centro e centro-esquerda joga as massas desempregadas e os trabalhadores para a direita”, escreve Aldo Fornazieri, professor da Escola de Sociologia e Política, em artigo publicado por Jornal GGN. Segundo ele, “setores de esquerda, principalmente intelectuais, enganam e iludem acerca da avaliação do nosso tempo. Uns sugerem que o amanhã não vai ser um inverno. Outros dizem que há uma revolução invisível. Aqui no Brasil incensa-se a energia da juventude, das mulheres e dos novos movimentos sociais. O fato é que as esquerdas e as forças progressistas estão desorganizadas, desorientadas e sem estruturas de poder. Nada indica que dessas situações críticas emerjam pontos de ebulição revolucionária. Pelo contrário, os imensos poderes estocados, se necessário, reagirão pela discricionalidade da lei e pela força para reordenar a ordem do capital”
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Não existe um conceito preciso de “convulsão social”. Uma de suas aproximações parece indicar que ele abriga a existência de uma situação na qual o governo não governa e os vários setores sociais se põem em movimento sem uma direção clara e definida, cada um lutando pelos seus interesses particulares. Em face da ausência de uma direção geral, alguns movimentos testam os limites da legalidade, tanto à direita quanto à esquerda. Outros ingredientes das convulsões sociais importam a existência de crise econômica, de desemprego elevado, de desesperança, de medo quanto ao futuro, de redução de consumo, de violência social generalizada, de crise do Estado, de incapacidade dos partidos tradicionais e dos governos de apresentarem saídas para as crises conjuminadas, desmoralização das instituições e de crescente desobediência civil. (mais…)
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