ANP faz pesquisa sísmica no Oeste de Santa Catarina e avisa que vai retornar ao Paraná

Como sempre, comboio de caminhões vibradores percorre rodovias sem aviso prévio dos riscos do fracking aos gestores públicos e à população. No Paraná, pesquisas estão proibidas

Por Silvia Calciolari, Não ao Fracking Brasil

A presença dos caminhões vibradores contratados pela Agência Nacional de Petróleo de Gás (ANP) nas rodovias do Oeste de Santa Catarina pegou os gestores públicos e moradores da região de surpresa. Dionísio Cerqueira, colada com a cidade paranaense de Barracão, Guarujá do Sul, Guaraciaba e Campo Erê são localidades onde o comboio já passou e pasmem, a população soube pela imprensa.

Matéria divulgada no Jornal do Almoço do Grupo RBS TV mostra o desconhecimento da população e informa que a ‘pesquisa aponta a possibilidade de haver gás natural e petróleo no subsolo, mas que somente a perfuração de poços é capaz de comprovar essa existência’.

Proibidos de dar entrevista, como afirma a reportagem, os técnicos não explicam que essa perfuração é feita por fraturamento hidráulico, método altamente poluente também chamado do fracking, que usa milhões de litros de água potável, areia e coquetel com 720 substâncias tóxicas, muitas cancerígenas e até radioativas.

“Na fase de pesquisa, a perfuração de poços para comprovar a existência de reservas de gás é feita por fraturamento hidráulico, colocando em risco as reservas de água subterrâneas e de superfície, contaminado o solo e inviabilizando a agricultura e provando câncer na população. É isso que a ANP não conta para a população”, alerta Juliano Bueno de Araujo, coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e coordenador nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida.

Segundo a ANP informou à RBS TV, a pesquisa no Oeste catarinense deve ser finalizada na próxima semana. Depois disso, as máquinas voltam a analisar cidades do Paraná.

Paraná proíbe testes sísmicos

Assim como aconteceu nas cidades do Paraná, mais uma vez a ANP não informa em detalhes a natureza e riscos dos testes de aquisição sísmica. Entre os principais impactos são os terremotos induzidos pelos caminhões vibradores que provocam rachaduras em casas e edifícios, assim como são fatais para a piscicultura.

“Embora a ANP diga que a aquisição sísmica não causa impactos, temos relatos de milhares de paranaenses que tiveram suas residências danificadas, e centenas foram condenadas”, diz Juliano.

Diante da ameaça dos impactos ambientais, econômicos e sociais que colocariam em risco as reservas de água e a agricultura, o Paraná foi o primeiro estado brasileiro a suspender por 10 anos a emissão de licenças para exploração do gás de xisto pelo método não convencional. Tanto que o governador Beto Richa vetou, a pedido das entidades e organizações parceiras da COESUS, o artigo 3º que autorizava as pesquisas.

“Já temos memorando do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) que proíbe emissão de licenças para pesquisa sísmica com base na Lei 18.947/2016. Se os caminhões contratados pela ANP retornarem ao Paraná vamos acionar o Ministério Público Federal para impedir essa ilegalidade”, garante Juliano.

Foto: Reprodução RBS TV

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