Relator da “reforma” recebeu R$ 300 mil em doações de campanha de empresa de previdência privada

Campanha de 2014 do deputado Arthur Maia (PPS-BA) contou com duas doações da Bradesco Vida e Previdência. Parlamentar também recebeu contribuições do Itaú Unibanco, Safra e Santander

No Previdência Brasil/Outras Palavras

Reportagem do Uol publicada nesta quinta-feira (9) mostra que o deputado Arthur Maia (PPS-BA), escolhido como relator da Comissão Especial da “Reforma” da Previdência, recebeu duas doações de uma empresa de previdência privada em sua campanha de 2014.

De acordo com a prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Bradesco Vida e Previdência contribuiu, no total, com R$ 299.972 para a eleição do parlamentar, valor equivalente a 8% do total declarado. Além desse montante, Maia também contou com o auxílio de outras doações vindas de instituições financeiras que contam com serviços de previdência privada. Foram R$ 100 mil do Santander, a mesma quantia do Itaú Unibanco e mais R$ 30 mil do Safra.

Ao portal, o deputado disse não enxergar conflito de interesse entre as doações e a função que vai exercer agora. “Eu não vejo, absolutamente, qualquer tipo de interesse conflitante que possa surgir a partir daí. Absolutamente nenhum”, disse. “Ao longo da minha vida, eu desafio alguém a dizer que eu tenha vinculado qualquer tipo de atuação política ou legislativa a favor de A, B ou C. Nunca existiu isso.”

Membro da comissão especial, Ivan Valente (Psol-SP) protocolou, durante a sessão que determinou a instalação da comissão, uma reclamação baseada no Regimento Interno da Câmara, argumentando que o parlamentar do PPS, por ter recebido recursos para a campanha eleitoral de instituições diretamente interessadas na “reforma” da Previdência, não poderia ocupar a relatoria. “Então, Maia não poderia ser relator por questões regimentais”, apontou. O relator disse que essa seria uma “ilação maldosa” e afirmou que vai fazer um confronto de ideias entre os que dizem que há déficit na Previdência e os que falam que há superávit. “Vou trabalhar com o coração aberto”, prometeu.

Segundo o presidente da comissão especial que vai analisar a PEC 287/16, Carlos Marun (PMDB-MS), a próxima reunião do colegiado será na terça-feira (14), às 14 horas, ocasião em que o relator vai apresentar seu plano de trabalho.

A “agenda” da PEC 287

Não é somente nas doações de campanha que as instituições financeiras deixam sua digital na questão previdenciária. A agenda pública do secretário de Previdência do Ministério da Fazenda,Marcelo Caetano, mostra que foram os bancos, fundos de pensão, associações patronais e entidades financeiras que ajudaram a elaborar a PEC 287.

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