Entre a beleza e a revolta, um cântico visual macabro: “O custo humano dos agrotóxicos”

Tania Pacheco

É possível olhar uma foto e sentir, ao mesmo tempo, beleza e revolta, admiração e repulsa? Pablo Ernesto Piovano, fotógrafo argentino, prova que sim.  Num ensaio em preto e branco envolvendo crianças, mulheres, homens, jovens e velhos, ele nos mostra o que a soja transgênica e os agrotóxicos – o glifosato em particular – podem fazer à humanidade.

Seus retratados – cujos nomes são todos citados em agradecimento no final do vídeo “O custo humano dos agrotóxicos” – vivem em diferentes municípios e províncias da Argentina, todos identificados. Alguns ainda estão vivos, carregando terríveis sequelas; outros somos informados de que já se foram.

No vídeo, entre outras, temos a informação de que a Argentina autorizou a Monsanto a plantar e comercializar soja transgênica, com uso do glifosato, em 1996, sem qualquer análise dos riscos para seres humanos. Tornou-se, assim, um campo de testes e experimentos. Desde então, 22 milhões de hectares foram semeados, representando 60% das terras aráveis do país.

Segundo Piovano, em menos de uma década os casos de câncer em crianças triplicaram. Os de aborto e de deformações inexplicáveis em nascituros aumentaram em 400%. “Dramaticamente”, ele nos diz, acrescentando que um levantamento inicial denuncia que 13,4 milhões de pessoas foram atingidas pela fumigação do glifosato. “Não há dados oficiais, o governo nada faz, e tudo acontece sob o silêncio cúmplice da mídia”.

Vale uma ida à página de Pablo Piovano, para ver todo o material exposto. O acesso é aqui. Acima de tudo, não deixe de assistir ao vídeo, que só não postamos em respeito a uma solicitação existente. Embora seja importante ver tudo, o link direto para ele é este.

E também lembrar que a Argentina não é sozinha neste pesadelo. Nosso papel nele é dos mais importantes. Vergonhosamente.

 

Informação enviada para Combate Racismo Ambiental por Marcelo Novaes.

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