“Projeto Vale do Rio Pardo” prevê a construção de barragens como a de Fundão, que se rompeu em Mariana no dia 5 de novembro de 2015 e causou a morte de 19 pessoas
No MAB
Casa simples do interior com fogão a lenha. No fundo do quintal, a horta e o galinheiro. Esta é a residência de dona Adelina do Lamarao, típica do interior de Minas Gerais. Aos 70 anos, a moradora mais antiga da cidade de Padre Carvalho (MG), nasceu e cresceu no local e hoje vive com seus seis filhos.
A história de dona Adelina, como a de centenas de moradores da região do norte de Minas, carrega a resistência e a força de enfrentar o dia a dia da vida no campo, muitas vezes injustiçados pelo agronegócio e as grandes empresas. Além disso, desde 2009 convive com o risco da instalação de um projeto de exploração de minério de ferro a céu aberto e transporte por mineroduto na região de Grão Mogol, norte de Minas Gerais.
A moradora é pressionada constantemente por trabalhadores da SAM (Sul Americana de Metais) a repassar suas terras para a construção das grandes tubulações do mineroduto. Outras famílias e donos de propriedades vizinhas onde o minério será transportado ficam receosos e não concordam com a forma invasiva utilizada. Serão 482 km de tubos até um Porto de Ilhéus (BA), retirando milhões de metros cúbicos de água da região semiárida.
Inúmeras violações de direitos humanos são registradas nas comunidades atingidas pelas obras da mineradora. O direito à informação sobre os impactos futuros, as medidas compensatórias e de mitigação propostas são perguntas ainda não respondidas pela SAM. “Eles sempre estão aqui querendo nossas terras, já disse que não coloquei à venda. Eu não deixarei que abram furos no meu terreno e não sairei daqui enquanto estiver viva”, conta Adelina.
Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), multinacionais como a SAM, empresa do Grupo Votorantim criada em 2006, e a chinesa Honbridge Holding, procuram locais para exploração dos bens naturais para garantir apenas os seus interesses financeiros. “Os interesses destas empresas é a extração de bens naturais para investir nas indústrias de fora e acumular lucros, levando nossas riquezas à custa da vida e do trabalho do povo da região. Para a população local, só fica o descaso, a pobreza e a violação dos direitos humanos,” afirma Joana Soares, militante do MAB.
Essa especulação e exploração absurda sobre as terras de MG tem que ter um fim, e esse tipo de noticia deve ser melhor divulgado, não só no estado de minas, mais também em outros estados. Tenho familia na região do JEQUITINHONHA, que também está sofrendo com a ameaça da desapropriação de terras.
É revoltante o fato de que, impresas “BRASILEIRAS”, estão se unindo a empresas estrangeiras para viabilizar projetos que tendem a degradar o meio ambiente, a fauna e invandir terras indigenas, causando um impacto brutal na vida de muitas pessoas.