MG – Os impactos da Mineração e Laicato é tema de Seminário na Província Eclesiástica de Montes Claros

Por CPT Minas Gerais

O I Seminário Igreja Mineração e Laicato da Província Eclesiástica de Montes Claros – Arquidiocese de Monte Claros e Dioceses de Paracatu, Januária e Janaúba ocorreu no final de semana do dia 18 de fevereiro. O evento contou com a animação das Pastorais Sociais e Laicato, a presença de diversos movimentos sociais e atingidos pela mineração. A presença dos Bispos Dom José Alberto Moura (Montes Claros), Dom Ricardo Brusati (Janaúba) e Dom Jorge Alves (Paracatú) marcou o encontro e trouxe entusiasmo para o grupo.

Foram realizadas reflexões em torno dos impactos causados na natureza e na vida do povo. As empresas e o Estado usam uma imagem historicamente construída: de uma região repleta de miséria e que a mineração vai salvá-la. Dom José Moura, Arcebispo de Montes Claros, trouxe em sua fala a reflexão neste mesmo sentido: o tema é pertinente e envolve a todos nós que somos do Norte e Noroeste de Minas Gerais. Ouvimos na leitura do Deuteronômio durante oração inicial que o ser humano comerá o pão sem escassez. E essa dura realidade desses nossos sertões mostra que a terra é seca, mas tem uma vitalidade muito grande, à partir do coração humano.

Dom José nos levou a refletir que “… como igreja, não podemos nos alienar daquilo que não seja vida – precisamos analisar bem para procurar entender e impedir os mecanismos de morte.  O Concílio Vaticano II apresenta  documentos  que reafirmam isso. A mineração é uma realidade que está aí e dissemina a morte. Não basta apenas olhar, dialogar e preciso assumir – nosso laicato é chamado a assumir seu papel de transformação – não podemos fazer que a fé fique embutida dentro do templo – é preciso fazer para agir – dar vida – promover a semente do amor, da justiça, da misericórdia, da solidariedade para fazer acontecer mudança em nossas terras.”.

Os assessores apresentaram os assustadores impactos causados pela Votorantim, Kinrros e Yamana Gold. Ainda os problemas das areieiras no Rio São Francisco e a ameaça do Gás de Xisto. Segundo uma das assessoras “a mineração amputa”. Não só causa danos, que poderiam ser recuperados, por isso, o termo amputar exemplifica de fato o que fazem as mineradores. Segundo apresentação da CPT há um grande avanço de mineradoras na região, que atuam de desrespeitando as leis e os direitos das comunidades. Segundo a Pastoral, só na arquidiocese de Montes Claros existem 2.317 processos no DNPM.

A morte impera nesses ambientes mas o que morre nunca é a esperança e a luta do povo que de forma contundente reafirmaram sua escolha pela vida, pelo cuidado a natureza, pela vida das gerações futuras. Os camponeses relataram as histórias de vitória, como no caso da SAM e seu mineroduto, que como resultado da luta e questionamento dos movimentos populares, o EIA RIMA foi indeferido pelo IBAMA.

Após o debate, apresentações do tema e de casos (ver), da reflexão teológica (julgar) os grupos de trabalho propuseram ações (agir). Foi definido um Fórum permanente da Província articulada com a Rede Igreja e Mineração, ainda o núcleo da Arquidiocese de Montes Claros, que tem o papel de animar a discussão e fortalecer as ações. Foi apontado no Seminário a urgência para que a sociedade debata esse tema, enfrente os problemas causados pela Mineração e interfira na sua expansão no Norte e Noroeste de Minas.

Enviado para Combate Racismo Ambiental por Alexandre Gonçalves.

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