Nota de repúdio a “desocupação” dos indígenas Pataxó de Cabrália e Porto Seguro

Viemos a público mais uma vez denunciar e repudiar de forma enfática o absurdo processo de “desocupação” de terras Indígenas de presença ancestral do povo Pataxó. A Justiça Federal intimou a Funai para apresentar, nesta terça-feira, 07 de março, um “plano de desocupação” de uma área onde vivem mais de 500 famílias do povo indígena Pataxó. Essas comunidades do Território Ponta Grande, entre os municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, no sul da Bahia, anunciaram que resistirão. O processo de reintegração de posse, que ainda não tem data para acontecer, beneficiará a empresa Góes Cohabita Administração.

Em plena costa do “descobrimento”, uma terra de ocupação indígena milenar esses parentes fazem frente à especulação imobiliária impulsionada pelo turismo. Nós do Comitê Mineiro de Apoio ás causas indígenas convivemos com muitos parentes dessa etnia na cidade de Belo Horizonte, são pessoas de bem, guerreiros na construção de uma cidade mais tolerante e multiétnica, estão na luta todos os dias expostos ás ruas e toda a violência e racismo dos grandes centros. São artesãos em sua maioria, e vivem em trânsito entre a capital e as aldeias no Sul da Bahia.

Alertamos para os inúmeros casos de violência vividas pelos Indígenas nessa capital, sabendo que essa violência e intolerância é fruto de desinformação e racismo que combatemos há anos na cidade. Pedimos atenção dos órgãos públicos, universidades e organizações, pedimos apoio aos parente Pataxó nas aldeias atingidas por essa ação absurda da “Justiça” federal” sabendo que essa ação nos atinge diretamente piorando a situação de vida já precária dos Indígenas em trânsito na cidade de Belo Horizonte, já que a expulsão de nossas terras resulta em maior migração e consequentemente o aumento da precarização da vida na cidade de Belo Horizonte que ainda não conta com Políticas Públicas para os povos indígenas.

O Juiz federal Alex Schramm da Rocha de forma que atende os interesses da especulação imobiliária coloca em risco a vida de centenas de crianças indígenas e idosos que ficarão desabrigados, para a audiência de hoje dia 07/03/2017, que tem por finalidade estabelecimento de parâmetros para o cumprimento de Sentença Provisória de “reintegração de posse” para a dita empresa de habitação.

Serão 500 famílias de 06 comunidades indígenas Pataxó com mais 10 anos de instalação coletiva (Nova Coroa, Novos Guerreiros, Mirapé I, Mirapé II e Txihi Kamauyrá), atingidas com essa decisão da Justiça. Aldeias que possuem pequenas construções, casas, escolas e centros de cultura.  Não podemos permitir que essa medida descabida se cumpra, e que seja feita a demarcação imediatas dessas terras Indígenas. Queremos também repudiar a nomeação de Osmar Serraglio o propositor da PEC 215 (que paralisa demarcações e revê terras já demarcadas) ao cargo de Ministro da Justiça.

Por fim declaramos nosso total apoio aos parentes Pataxó que estão nas aldeias ou na cidade e juntamo-nos á eles nessa luta pelo direito sagrado a terra. Convidamos a todos que concordam com essa nota a compartilharem e assinarem conosco.

Awêri

Sempre na luta!

Comitê Mineiro de Apoio ás Causas Indígenas/Aldeia Umuarama

Comments (1)

  1. Gostaria de me juntar a esta manifestação! Vcs estão com avaaz ou outro tipo de coleta de assinatura??

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