Lançamento da Campanha contou com a presença de representantes de povos e comunidades tradicionais
Articulação Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais
Na ocasião foi lida a carta escrita pelo Papa Francisco, sobre a campanha. Na carta, o Papa relembra a encíclica “Laudato Si”, lançada durante o seu pontificado, que trata do cuidado da casa comum, com uma perspectiva de ecologismo integral. O Papa também ressalta a diversidade dos biomas brasileiros e a necessidade de promover relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles vivem. “Os povos originários de cada bioma ou que tradicionalmente neles vivem nos oferecem um exemplo claro de como a convivência com a criação pode ser respeitosa, portadora de plenitude e misericordiosa”, aponta o Papa Francisco na carta sobre a Campanha da Fraternidade.
A defesa da importância dos povos tradicionais e dos biomas também foi feita pelo presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha. “Precisamos conhecer os biomas e os povos originários que são os verdadeiros guardiões dos biomas: os pescadores, indígenas e quilombolas”, defendeu o bispo na entrevista durante o lançamento. Dom Sérgio da Rocha propôs também que as pessoas deem uma especial atenção ao bioma no qual estão inseridos. “Precisamos da vivência comunitária da campanha. As comunidades devem pensar soluções para manter os biomas, mas a preservação depende também do Estado e do poder público”, aponta o bispo.
Em relação ao poder público, os desafios não são poucos. O deputado Molon enumerou alguns dos enfrentamentos relacionados com a temática da campanha, que ele considera importantes de serem feitos no congresso. Dentre eles estão: a aprovação da PEC que torna os biomas do Cerrado e da Caatinga patrimônios nacionais; aprovação do projeto de lei que defende o Desmatamento Zero; aprovação do projeto de lei que controla os agrotóxicos; fazer a defesa da demarcação de terras que garantam a presença das populações originárias; aperfeiçoamento das leis de licença ambiental, de maneira que não leve ao afrouxamento delas; barrar a lei que permite a compra de terras por estrangeiros, dentre outros.
Molon também elogiou a reflexão feita pelo Papa na “Laudato Si”, que relaciona a degradação ambiental com a pobreza do mundo e falou da importância da campanha. “Esse papel da Igreja junto às populações originárias tem que ser parabenizado e esse tema da Campanha da Fraternidade convida os cidadãos brasileiros a conhecerem os biomas e em especial o bioma no qual vive”, elogia.
As populações tradicionais, além da preservação dos biomas, vêem na campanha a possibilidade de tornarem mais conhecidos os conflitos ambientais e territoriais que enfrentam. “O principal problema é que os projetos são propostos para o desenvolvimento. Já temos experiências locais de preservação e essa campanha ajuda a potencializá-las. O bioma nos dá a vida e a gente protege os biomas”, finaliza o pescador beraideiro do rio São Francisco do estado de Minas Gerais, Josemar Durães.
Gesto concreto
Um dos gestos concretos propostos pela campanha é a coleta de assinaturas para o projeto de lei de iniciativa popular, encabeçado pelo Movimento dos Pescadores e Pescadoras artesanais, que tem o objetivo de criar na legislatura brasileira o dispositivo legal para o reconhecimento e titulação dos territórios pesqueiros.
Sobre a Campanha da Fraternidade
No Brasil, a Campanha já existe há mais de 50 anos e sua abertura oficial sempre acontece na quarta-feira de cinzas, época na qual a Igreja convida os fiéis a experimentarem três práticas penitenciais: a oração, o jejum e a esmola.