Indígena é atropelada no MS e motorista foge sem prestar socorro

Por Assessoria de Comunicação do Cimi e Regional Cimi MS

A Guarani Kaiowá Alessandra Sanabrio, de 36 anos, foi atropelada no final da tarde da última sexta-feira (10) às margens da BR-163, no município de Rio Brilhante (MS). O motorista do caminhão que atropelou a indígena fugiu sem prestar socorro à vítima.

“Eu estava voltando com a mãe do trabalho de reciclagem de Rio Brilhante, cada uma em sua bicicleta e a mãe estava na minha frente. Vínhamos no acostamento do asfalto. Próximo do radar da ponte do Rio Brilhante, reduzimos a velocidade, quando fomos surpreendidas por um caminhão baú de cor prata, que invadiu nossa pista, atropelou mamãe e fugiu de imediato”, conta Adriele Sanabrio, filha da vítima.

“Não prestou socorro. Eu gritei desesperada pedindo socorro, mas ninguém parou para nós. Puxei o corpo da mamãe por medo que outros carros ainda passassem por cima da cabeça dela.  Logo depois chegou Dona Susana que vinha atrás de nós”, continua a indígena.

Após o atropelamento, que ocorreu na proximidade do tekoha Laranjeira Ñanderu, os indígenas bloquearam a rodovia por algumas horas, em protesto, até a chegada da Fundação Nacional do Índio (Funai). A Polícia Rodoviária Federal (PRF), CCR Vias, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil também compareceram ao local.

“Agora os homens brancos não usam arma de fogo para matar indígena. Usam o trânsito para causar acidente e ainda culpa os indígenas de estarem bêbados”, lamenta o Guarani Kaiowá Roselino, irmão da vítima.

Alessandra Sanabrio trabalhava em uma associação de reciclagem em Rio Brilhante e era moradora do tekoha – lugar onde se é – Tajasu Iguá, área de retomada localizado no município de Douradina (MS), a poucos km de Rio Brilhante, e parte da Terra Indígena (TI) Lagoa Rica/Panambi. Identificada, delimitada e reconhecida pelo Estado brasileiro em 2011, a demarcação da TI foi suspensa pela Justiça Federal de Dourados em outubro de 2016, por uma decisão judicial baseada na tese do marco temporal.

“Enquanto não demarcarem nossas terras, os problemas por aqui continuam. É urgente a demarcação das nossas terras, pois viver na beira da rodovia, continuamos correndo risco de vida”, critica Dona Adelaide, mãe de Alessandra.

O corpo de Alessandra foi enterrado pela comunidade no domingo, dentro da retomada.

Dia do enterro de Alessandra na retomada Tajasu Iguá. Foto: Regional Cimi MS

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