Por Fernanda Couzemenco, no Século Diário
“Tá’ faltando água em alguns lugares da aldeia porque estamos usando para combater o fogo”, declara o educador indígena Maynõ Cunha da Silva. Ele conta que não tem notícia de que o Corpo de Bombeiros tenha iniciado o combate ao incêndio na Terra Indígena de Aracruz, norte do Estado.
A comunidade viu o helicóptero sobrevoar a região no sábado (8) e a viatura ABTS (utilizada para combater incêndio) dos Bombeiros atolar na areia, próximo à aldeia Boa Esperança, na sexta-feira (7). Mas combate ao fogo, mesmo, ninguém na Terra Indígena viu acontecer, por isso, os moradores estão fazendo o possível, com galhos verdes de árvores e pequenos reservatórios de água, se arriscando em meio às chamas.
“Dois bombeiros, em um carro pequeno, me disseram que só poderiam entrar na aldeia depois que um cacique fosse a Aracruz autorizar”, relata Maynõ.
O fogo foi visto primeiramente na quarta-feira (5), vindo de uma área brejosa, de turfa, entre Caieiras Velha e as aldeias guarani. Na sexta-feira (7) a fumaça e a fuligem já atingia as aldeias, provocando problemas respiratórios nas crianças e idosos.
Desde sábado (8) o fogo chegou na mata próximo às aldeias, matando muitos animais, como capivaras e pacas, justamente as espécies alvo dos caçadores que, segundo imaginam alguns indígenas, podem ter sido os causadores do incêndio. Os caçadores usam o fogo para encurralar suas presas.
Alastrando-se sobre a mata e aproximando-se das aldeias, o fogo também ameaça atingir os dutos da Petrobras. “Já está bem em cima dos dutos. Corremos o risco disso tudo explodir aqui”, alerta o educador indígena.