Comunidades indígenas atingidas pela enchente recebem atendimento e doações

Conselho Indígena de Roraima – CIR

Após intensa mobilização para apoiar as famílias atingidas pela enchente que inundou comunidades indígenas na região das Serras, Terra Indígena Raposa Serra do Sol, município de Uiramutã/RR, no final da última semana, famílias são atendidas e recebem doações. A enchente atingiu comunidades indígenas que ficam nas proximidades de dois extensos rios que banham o território Raposa Serra do Sol, Uailã e Maú.

A enchente deixou desabrigadas mais de 900 indígenas de 180 famílias, conforme o levantamento feito pela Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima (DSEI Leste/RR) e as lideranças indígenas que acompanham o atendimento na região. Entre as estruturas destruídas, duas escolas, quatro postos de saúde e várias casas.

De acordo com o levantamento das lideranças indígenas que acompanharam os órgãos foram 19 comunidades indígenas atingidas, incluindo as comunidades localizadas na Guyana: Makuken, Ximaral, Monte Muriá I, Monte Muriá II, Sítio São Mateus, Pródodo, Lage, Uiramudá, São Gabriel, Kumabai, Nova Esperança, Camararem, Mutum, Maturuca, Urinduk, Canawapai, Kanapan, Tapa e Santa Maria ( as três últimas são na Guyana).

Na sexta-feira, 19, quando a situação chegou ao conhecimento das autoridades, organizações indígenas, movimentos e público em geral, lançaram uma campanha de arrecadação às famílias atingidas. Alimentos não perecíveis, água potável, roupas, cobertores, redes, calçados, utensílios domésticos e dentre outros necessários, estão sendo arrecadados para amenizar as perdas causadas pela enchente.

Além das doações em materiais, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) disponibilizou uma conta bancária para receber as doações financeiras (Agência: 2617-4; conta: 8198-1- Banco do Brasil).

Outra ação de atendimento tem sido feita pelo Distrito Sanitário Especial Indígena do Leste de Roraima (DSEI Leste/RR) que desde os primeiros momentos da inundação das comunidades indígenas esteve na região prestando apoio. Instituições como a Secretaria de Estado do Índio (SEI), Exército Brasileiro e a Prefeitura do Município de Uiramutã também prestam atendimento.

O professor da comunidade indígena Willimon, Josevaldo Macuxi, que tem enviado informações direito da região disse no final de sexta-feira (19) que a situação estava sob controle. “Podemos dizer que a situação está sob controle, começaram a fazer a montagem das barracas, chegou a primeira remessa de alimentação, combustível, motor de polpa para transportar as pessoas e está chegando o pessoal da própria região para dar o apoio às famílias”, informou Josevaldo.

No sábado, 20, o Tuxaua da comunidade indígena Kumabai, comunidade que foi totalmente inundada, Max Samuel, Macuxi, enviou mensagem pedindo apoio para reconstruir a comunidade. “No dia 18, o rio encheu, a comunidade foi totalmente para o fundo e perdemos as coisas que nós tínhamos, mas a vida das pessoas, nós salvamos todas, não aconteceu nada e os bens, nossas casa, o patrimônio da nossa comunidade foram destruídos, por isso, estamos procurando os parceiros, para ajudar a construir posto, escola, casas, e esperamos apoio de outras comunidades para reconstruir a nossa comunidade”, relatou o Tuxaua, triste, como ele expressou, por ter perdido os bens, mas também alegre por não ter perdido ninguém da família.

“Estamos muito triste pelos bens que nós perdemos, mas não é só tristeza, estamos alegres, porque não perdemos ninguém da nossa família, só estamos esperando a recuperação na comunidade Uiramutakem, depois pensar de reconstruir a nossa comunidade, então é isso, preciso de ajuda dos nossos parceiros para dar apoio a nossa e as outras comunidades indígenas”, pediu o Tuxaua.

Além do estrago nas estruturas das comunidades, a enchente destruiu roças causando prejuízo principalmente no plantio da mandioca, como registraram as lideranças indígenas. As mulheres indígenas que mais tem uma vida tradicional voltada para o plantio e cultivo da roça, são as que mais sentem a perda.

As famílias desabrigadas estarão em comunidades indígenas fora do risco de enchente até que a situação seja normalizada e as famílias retornarem as suas comunidades indígenas para reconstruir o que foi perdido nessa calamidade. Não houve nenhum registro de mortes ou acidente mais grave.

Até o momento não houve mais informação sobre enchentes na região, porém, a campanha de arrecadação continua e diversas entidades aderiram ao movimento, inclusive, comunidades indígenas de outras regiões também se mobilizaram para prestar o apoio.

O ponto de arrecadação continua sendo na sede do CIR, Avenida Sebastião Diniz, 2630, bairro São Vicente, além da Universidade Federal de Roraima, nos blocos do Instituto Insikiran, CCLA (Bloco I), sede da Representação da Prefeitura do Município de Uiramutã, rua Dr. Arnaldo Brandão, número 905-A, no bairro São Francisco e sede do DSEI Leste/RR, final da Avenida Ville Roy, bairro Canarinho.

 

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