Lisboa, 31 de Maio de 2017—O Cacique Ládio Veron vai estar durante os próximos dias 3 a 8 de Junho em Portugal, para denunciar o genocídio, etnocídio e perseguição por parte do Estado brasileiro e buscar apoio à luta dos povos Kaiowá e Guarani pelos seus direitos e pelas suas terras.
O líder indígena marcará presença em eventos no Porto (Dia Mundial do Ambiente), na Assembleia da República, na Universidade de Coimbra e em diferentes associações, testemunhando o drama que vivem os índios Guarani-Kaiowá e outros povos do país—desprezados pela classe política, atacados pela polícia militar e assassinados pelos grandes latifundiários.
No estado do Mato Grosso do Sul, enquanto o agro-negócio soma lucros, as tribos indígenas sobrevivem em pequenos terrenos cercadas por monoculturas de soja, milho e açúcar. Lutam pelo direito a uma pequena parte das suas terras (cerca de 9 mil hectares, 2% do estado), de onde foram expulsas a partir de 1492. O território foi reservado na constituição brasileira, mas de seguida invadido e ameaçado pelos fazendeiros, com apoio dos militares. Esta é a região brasileira com maiores índices de violência contra os povos indígenas—nos últimos 15 anos já terão sido assassinados 400 índios.
“Aquilo que os europeus comem está misturado com o sangue dos índios. Os europeus devem saber como estão a destruir as nossas florestas, a poluir a nossa água e como nos assassinam. É a nossa sobrevivência que está em jogo”, denuncia Ládio Veron.
Segundo os organizadores da viagem, o Brasil vive hoje um momento histórico que pode ser considerado um dos piores das últimas décadas. Desde o golpe da elite brasileira em conluio com multinacionais e a tomada do poder por Michel Temer, ficou impossível qualquer diálogo com o Estado brasileiro, mais neoliberal e capitalista do que em qualquer época. O objectivo da viagem é de dinamizar uma rede europeia de solidariedade.
Ládio Veron repete assim a viagem que o seu pai, Cacique Marco Veron, fez à Europa em 2001—antes de ser assassinado pelos fazendeiros em frente à própria família. A visita a Portugal marca o fim dum périplo de esperança que percorreu doze países europeus, encontrando representantes políticos e dos movimentos sociais. A viagem é organizada pela iniciativa cidadã “Tribunal Popular: o Estado brasileiro no banco dos réus” e tem o apoio de associações e ONGs de toda a Europa.