O documento abaixo expressa tomada de posição dos Munduruku a partir da operação realizada pelo Ibama e Polícia Federal -com base em denúncia feita por lideranças do Povo- para desarticular garimpos em seu território e notícias a ela concernentes (aqui). (TP)
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Na luta encontramos forças pra seguirmos nosso caminho. Nós munduruku defendemos que a floresta do rio Tapajós é nossa garantia de vida. A floresta e o rio sofrem com o garimpo já sofremos muitas violências do governo que quer construir barragens em nossos rios.
Queremos esclarecer alguns fatos sobre a operação contra garimpos em nossa terra e que saíram nos jornais lembrando da operação El Dorado de 2012 quando nosso parente Adenilson Krixi foi morto. Nessa operação a polícia invadiu a aldeia Teles Pires (não um garimpo como saiu nos jornais) e um delegado atirou em nosso guerreiro. Aguardamos até hoje que a justiça condene o assassino do Adenilson Krixi.
Também falaram nos jornais que a polícia saiu do garimpo depois de meia hora porque não estavam preparados. Os donos de garimpos nem foram incomodados nessa operação.
Por fim nos dias 22 a 24 de março de 2017 em assembleia do povo munduruku realizada na aldeia Sai-Cinza os caciques determinaram a Pusuru que em 15 dias ela notificasse a todos os garimpeiros pariwat ou munduruku que retirassem suas máquinas da Terra Indígena.
Todas as assembleias munduruku reforçam que nosso caminho não é o do garimpo, estamos trabalhando nosso Plano de Vida e em nossos encontros das mulheres nosso caminho está definido que nossa terra é sagrada, que queremos nossos rios limpos, nossos locais sagrados respeitados.
O encontro de caciques e lideranças munduruku do médio Tapajós, na aldeia Sawre Muybu no dia 11 de junho de 2017 que contou com a presença de indígenas da região do Planalto Santareno e do baixo-Tapajós, reforçou que nosso caminho é da luta e contra todas as doenças que envenenam nossas florestas e rios.
Os munduruku que estão nos garimpos estão em um caminho de doenças, mentiras e corrupção, não falam pelo povo e sim por seus interesses. Não são lideranças são garimpeiros se escolheram o caminho das doenças.
Nosso caminho que se fortalece em nossa educação com o Ibaorebu e nos encontros de mulheres e nas alianças com outros povos que lutam por uma vida melhor e autônoma em seus territórios.
Trabalhamos por isso e continuaremos nesse caminho apesar das ameaças às vidas de nossos guerreiros e seguiremos junto com o Cacique Geral Arnaldo Kaba, denunciando o que está errado.
Sawe
Movimento Ipereg Ayu
Associação Da’uk
Associação Pariri (munduruku do médio Tapajós)
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ana Poxo Munduruku, coordenadora do movimento Ipereg Ayu